Fiocruz integra comitiva do governo brasileiro na 78ª AMS

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Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)
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Começou nesta segunda-feira (19/5), em Genebra (Suíça), a 78ª Assembleia Mundial da Saúde (AMS), instância decisória máxima da Organização Mundial da Saúde (OMS). Esta edição tem como tema Um mundo pela saúde (One World for Health) e se estenderá até o dia 27 de maio. A Fiocruz, mantendo a tradição, mais uma vez participa ativamente da reunião, como parte da comitiva do governo brasileiro. Ao longo da semana, os países membros vão debater temas como emergências sanitárias, financiamento e preparação para pandemias. Além da agenda oficial, haverá uma série de eventos paralelos ao encontro da OMS, nos quais importantes diálogos são previstos, incluindo o estabelecimento de potenciais parcerias e entendimentos para união de esforços na defesa de temas relevantes para a saúde no âmbito global.  

A Fiocruz foi destaque no discurso de abertura da Assembleia, feito pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom. Ele explicou que o Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento para Epidemias e Pandemias está sendo gerenciado por Consórcios Colaborativos de Acesso Aberto, que incluem 12 famílias de patógenos e envolvem mais de 5 mil cientistas. Tedros exaltou o trabalho da Fiocruz - única instituição nominalmente citada, que desde 2023 faz parte do Hub para Inteligência Pandêmica e Epidêmica da OMS, sediado na Alemanha. "Gostaria de agradecer especialmente à Fundação Oswaldo Cruz no Brasil – Fiocruz, que lidera um desses consórcios. Agradeço à Fiocruz pela parceria e ofereço meus calorosos parabéns pelo seu 125º aniversário", afirmou Tedros. "Feliz aniversário, Fiocruz", celebrou em português.

“A fala de Tedros nos honra profundamente”, afirma o presidente da Fiocruz, Mario Moreira. “Ele demonstrou um grau surpreendente de conhecimento sobre a Fiocruz, inclusive remontando à sua experiência com a Fundação na época em que atuou como ministro de Saúde da Etiópia. Este reconhecimento, expresso diante de todos os ministros da saúde presentes à Assembleia, valoriza ainda mais o papel da Fiocruz na saúde global”.

Com relação às lições aprendidas com a Covid-19 e outras emergências sanitárias, Tedros ainda indicou que a OMS está apoiando os países no fortalecimento de suas capacidades em vigilância genômica. "Por meio do nosso Centro de Inteligência de Pandemias e Epidemias em Berlim, a Rede Internacional de Vigilância de Patógenos agora conecta 350 organizações em 100 países", afirmou.

Durante o seu discurso, o diretor-geral da OMS apontou os três pilares fundamentais do evento: 1) promoção da saúde e a prevenção de doenças, com base na abordagem de causas básicas (como a qualidade do ar, de alimentos, da água, e de condições de vida e trabalho); 2) o acesso equitativo a serviços essenciais de saúde; 3) e o apoio a países na proteção da saúde por meio da prevenção e resposta rápida a emergências sanitárias. Além do tema preparação para emergências, outros foram ressaltados, como mudanças climáticas, saúde materna e infantil, produção de vacinas, kits de diagnósticos e outros insumos, controle de tabagismo e situações de conflitos e suas consequências para a saúde global.  

Mario Moreira na 78ª AMS

Para o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, que integra a comitiva levada pelo Ministério da Saúde ao evento, a Fiocruz chega a esta Assembleia em momento de consolidação da atuação no cenário global. "Temos capacidade de produção em fármacos, vacinas e kit de diagnósticos, ao mesmo tempo em que nosso time de especialistas nos confere alta mobilização para resposta a emergências sanitárias - tudo isso sem perder a vocação sobre doenças infecciosas. Temos colaborações com todos os continentes. Atuamos fortemente na solidariedade Sul-Sul entre nações, sem abrir mão das cooperações Sul-Norte. Somos reconhecidos como Centro Colaborador da OMS em diversos temas, somos líderes em redes internacionais relevantes, como a Rede Pasteur. Para nós, a Assembleia é espaço de ampliar a capacidade de diálogo com parceiros globais, na defesa permanente pela redução de assimetrias em saúde", afirmou.

Ministro da Saúde do Brasil, Alexandre Padilha também participou da plenária de abertura da Assembleia e ressaltou a importância do multilateralismo na resolução dos desafios de saúde global, como as mudanças climáticas e pandemias. Ele reforçou o apoio do governo brasileiro à OMS. “A maior lição, dessa última década é que nenhum país sozinho cuidará da saúde de seu povo. Como o presidente Lula diz, nenhum presidente foi eleito xerife do mundo. Nós reiteramos nosso apoio ao multilateralismo. O Brasil diz sim à OMS”, disse Padilha. “A missão dessa década é que nós precisamos mais OMS e não menos”.  

O ministro acrescentou que só por conta do multilateralismo foi possível, por exemplo, enfrentar a falta de abastecimento de insulina devido a mudanças na cadeia de produção, além de avançar em uma aliança global contra a fome, a pobreza e a eliminação de doenças negligenciadas. Por fim, Padilha convidou a todos para estarem no Brasil na COP 30, que ocorre em novembro de 2025 no Brasil, em Belém (no Pará), com o tema Mudanças climáticas.

125 anos da Fiocruz

A 78ª AMS marcará também o início das comemorações dos 125 anos da Fundação, no próximo dia 25, com a realização de uma cerimônia nesta terça-feira (20/5) apoiada por parceiros de longa data, como a Rede Pasteur, a UN Foundation e a Unitaid, e que contará com a presença de autoridades nacionais e internacionais. A atividade está inserida no rol dos eventos paralelos que acontecem no contexto da AMS.

Segundo Moreira, a Fundação leva à Assembleia uma vasta experiência em cooperação, motor que movimentará oportunidades de diálogo e alianças. “É uma grande alegria estar no evento e representar o [Sistema Único de Saúde] SUS no momento em que a Fiocruz chega aos 125 anos”, comemora.