Divulgada nesta quinta-feira (15/5), a nova edição do Boletim InfoGripe da Fiocruz faz uma alerta sobre a influenza A, que já se tornou a principal causa de mortalidade por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em idosos e uma das três principais causas de óbitos por SRAG entre as crianças. O cenário também aponta aumento nas hospitalizações por influenza A em diversas partes do país, com níveis moderados a altos de incidência em vários estados do Centro-Sul, além de alguns do Norte e Nordeste. A atualização é referente à Semana Epidemiológica 19, período de 4 a 10 de maio.
A análise continua observando um crescimento do número de casos de SRAG em crianças pequenas associado ao VSR. No entanto, em alguns estados, principalmente das regiões Centro-Oeste e Sudeste, o aumento apresenta sinais de desaceleração ou até de reversão. “Apesar disso, ainda não é o momento de relaxar os cuidados nessas regiões, já que a incidência de casos continua alta ou moderada”, ressalta a pesquisadora Tatiana Portella, do Programa de Computação Científica da Fiocruz e do InfoGripe.
A especialista chama a atenção que a mortalidade por SRAG nas crianças pequenas se aproxima daquela observada nos idosos. A principal causa de mortalidade por SRAG nos idosos é o vírus da influenza A, seguida pela Covid-19. Já nas crianças pequenas, o VSR permanece como a principal causa de mortalidade por SRAG, seguido pelo rinovírus e pela influenza A.
Diante desse quadro, Portella orienta que todas as pessoas dos grupos mais vulneráveis se vacinem contra o vírus da influenza “o quanto antes”. Os pesquisadores do InfoGripe reforçam que a vacina é a ação mais eficaz para prevenir hospitalizações e mortes causadas pela doença. “Além disso, reforçamos a importância do uso de máscaras em unidades de saúde, locais com maior aglomeração de pessoas e, principalmente, em caso de aparecimento de sintomas de gripe ou resfriado”, afirma Portella.
Casos de SRAG
No agregado nacional, verifica-se sinal de aumento de casos de SRAG em diversos estados, tanto nas tendências de longo prazo (últimas 6 semanas) quanto nas de curto prazo (últimas 3 semanas). Esse cenário se deve ao crescimento de SRAG nas crianças pequenas, associado principalmente ao VSR, e na população de jovens, adultos e idosos, associado ao vírus da influenza A. O VSR mantém uma incidência expressiva tanto de incidência quanto de mortalidade por SRAG em crianças pequenas. Outros vírus de destaque nessa faixa etária são o rinovírus e a influenza A. A influenza A, além de ser a principal causa de mortalidade por SRAG entre os idosos, é uma das três principais razões de óbitos por SRAG em crianças pequenas.
Estados
Na presente atualização, 15 das 27 unidades da Federação (UF) apresentam incidência de SRAG em nível de alerta, risco ou alto risco, com sinal de crescimento na tendência de longo prazo: Acre, Amazonas, Bahia, Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. Além disso, oito UF também apresentam incidência de SRAG em níveis de alerta, risco ou alto risco, porém sem sinal de crescimento na tendência de longo prazo: Amapá, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Pará, Sergipe e Rio Grande do Norte.
“Os casos de SRAG por VSR continuam em ascensão em diversos estados. Contudo, já é possível observar indícios de desaceleração desse crescimento ou até mesmo início de queda, em alguns estados do Centro-Oeste e Sudeste, além do Maranhão. Apesar dessa interrupção do crescimento, a incidência de SRAG nas crianças pequenas na maioria dessas localidades segue elevada”, informa Portella.
Além disso, os casos de SRAG na população de jovens, adultos e idosos, geralmente associados à influenza A, seguem em franco crescimento em muitos estados, chegando a patamares de incidência de moderado a muito alto nessas faixas etárias em diversos estados do Centro-Sul (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo, Mato Grosso, Espírito Santo e Santa Catarina), além de em alguns estados do Norte (Amapá, Pará e Rondônia) e no Nordeste (Ceará e Maranhão).
“Apesar de Piauí e Pernambuco não apresentarem incidência geral de SRAG em níveis de alerta ou risco, os casos de SRAG entre crianças com menos de 2 anos nesses estados seguem aumentando, já alcançando níveis moderados de incidência para essa faixa etária, o que requer atenção”, informa a pesquisadora.
Capitais
Quatorze capitais apresentam incidência de SRAG em nível de alerta, risco ou alto risco, com sinal de crescimento na tendência de longo prazo: Belo Horizonte (MG), Boa Vista (RR), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Manaus (AM), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO), Recife (PE), Rio De Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Teresina (PI) e Vitoria (ES).
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 30,1% de influenza A, 0,7% de influenza B, 55,3% de vírus sincicial respiratório, 16,1% de rinovírus e 2,6% de Sars-CoV-2 (Covid-19). Entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos foi de 63,7% de influenza A, 1,4% de influenza B, 14% de vírus sincicial respiratório, 10,3% de rinovírus e 12,9% de Sars-CoV-2 (Covid-9).
Situação nacional
Em nível nacional, o cenário atual sugere sinal de aumento nas tendências de longo prazo (últimas 6 semanas) e de curto prazo (últimas 3 semanas). Referente ao ano epidemiológico 2025, já foram notificados 56.749 casos de SRAG, sendo 26.415 (46,5%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 21.863 (38,5%) negativos e ao menos 4.916 (8,7%) aguardando resultado laboratorial.
Entre os casos positivos do ano corrente, observou-se 15,3% de influenza A, 1,4% de influenza B, 42,7% de vírus sincicial respiratório, 25,8% de rinovírus e 16,1% de Sars-CoV-2 (Covid-19). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 30,1% de influenza A, 0,7% de influenza B, 55,3% de Vírus Sincicial Respiratório, 16,1% de rinovírus e 2,6% de Sars-CoV-2 (Covid-19).
Incidência e mortalidade
A incidência e mortalidade semanal média, nas últimas oito semanas epidemiológicas, mantêm o cenário típico de maior impacto nos extremos das faixas etárias analisadas. A incidência de SRAG apresenta maior impacto nas crianças pequenas e está associada ao VSR.
A mortalidade por SRAG nas crianças pequenas se aproxima daquela observada nos idosos. A principal causa de mortalidade por SRAG nos idosos é o vírus da influenza A, seguida pela Covid-19. Já nas crianças pequenas, o VSR permanece como a principal causa de mortalidade por SRAG, seguido pelo rinovírus e pela influenza A.