Fiocruz completa 125 anos de ciência e saúde pela vida

Por Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)
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“A celebração dos 125 anos da Fiocruz nos mostra que nossa história é viva, está em constante transformação, mas se orienta também pela reafirmação do projeto formulado originalmente pelas primeiras gerações de Manguinhos: o de uma instituição que alia pesquisa científica, educação, comunicação, vigilância, inovação tecnológica e produção de bens e serviços, e que fazem da Fiocruz um patrimônio nacional único, reconhecido por todas as brasileiras e brasileiros como o símbolo mais importante da ciência e da saúde pública do país”, disse o presidente da Fiocruz, Mário Moreira, na cerimônia da manhã desta quarta-feira (28/5) que deu continuidade às celebrações dos 125 anos da Fiocruz, completados oficialmente no último dia 25.
 

Presidente da Fiocruz, Mario Moreira conduziu a cerimônia de celebração dos 125 anos da instituição (foto: Peter Ilicciev)

O início das comemorações ocorreu (20/5) em um evento paralelo na 78ª Assembleia Mundial de Saúde (AMS) da Organização Mundial da Saúde (OMS), em Genebra, na Suíça, no qual a Fiocruz foi homenageada. A celebração reuniu parceiros históricos, autoridades e atores relevantes da Saúde Global e marcou o início das comemorações de aniversário. A homenagem que o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, fez à Fiocruz na assembleia foi exibida na cerimônia desta quarta-feira.

No Brasil, o evento desta quarta-feira contou com uma programação especial que incluiu a posse dos novos integrantes do Conselho Deliberativo da instituição, homenagens aos legados de Marco Aurélio Krieger e Igor Sacramento, recentemente falecidos, além dos lançamentos de um selo comemorativo produzido pelos Correios e de dois livros da Editora Fiocruz. A ocasião também teve uma apresentação do vídeo 125 anos da Fiocruz – Vocação pela vida, o anúncio do edital do Selo Fiocruz Vídeo para produção de obras audiovisuais sobre saúde pública e uma apresentação do Coral Fiocruz, acompanhado do coral percussivo Elza Soares, do Instituto Aggeu Magalhães (IAM/Fiocruz Pernambuco).


Confira o vídeo '125 anos da Fiocruz – Vocação pela vida'

Presidente da Fiocruz, Mário Moreira afirmou na mesa de abertura do evento que a instituição “nasceu da necessidade de enfrentar uma pandemia, a de peste bubônica, que havia chegado ao Brasil, e se expandiu sob a direção técnica do jovem médico Oswaldo Cruz e com a contribuição das primeiras gerações de Manguinhos. Na época, aqueles pioneiros foram responsáveis por nos colocar na fronteira do conhecimento, com um grande esforço de superação da dependência científica e tecnológica do Brasil”.

Segundo Moreira, “desde os primórdios a Fiocruz se integrou às políticas federais de estímulo ao desenvolvimento econômico e social do país. Sua presença nacional é uma marca histórica. Já nas suas primeiras décadas, seus cientistas partiram Brasil adentro em expedições médico-científicas. Também contribuíram para a criação, na opinião pública de uma convicção da importância do papel do Estado na saúde e na educação, contribuindo para a organização da saúde pública em nível federal na década de 1920 e para a própria criação do Ministério da Saúde, na década de 1930”.

Ao recordar a trajetória da Fiocruz, Moreira recordou que “há décadas a Fiocruz desenvolve e advoga pelo princípio das determinações sociais como base para formulação de políticas públicas e na estruturação de programas sociais voltados a responder a questões de saúde. Estamos entre os precursores em estudos e na ação política de reconhecimento da relação entre ambiente e processos de doença e saúde. Na década de 1980, a Fiocruz foi ator central no movimento pela reforma sanitária, que deu origem ao SUS, e estabeleceu o conceito da saúde como um direito de cidadania e dever do Estado. Atuamos na criação de legislação ambiental, participamos da Eco-92 e da Rio+20. Agora, assumimos novas frentes de ação em mudanças climáticas e saúde planetária”.

Moreira disse que “a Fiocruz está amplamente preparada a dar respostas à sociedade brasileira, na forma de conhecimento científico, formação de recursos humanos para o SUS, insumos, atenção, vigilância e prevenção, promoção à saúde, e nas situações de emergência sanitária, como nas pandemias de gripe espanhola, HIV-Aids e, mais recentemente, na Covid-19”.

Em alguns momentos do discurso o presidente lembrou de Sergio Arouca, que presidiu a instituição após a redemocratização. “Arouca foi fundamental na formulação desse modelo de governança participativa e na nossa reafirmação institucional. Sob sua liderança conquistamos a reintegração dos cientistas cassados reparando uma triste passagem da nossa história. Nosso compromisso democrático e nossa base de gestão participativa são motivos de orgulho e de muita responsabilidade. Por isso, estamos alinhados a todos os movimentos que busquem o fortalecimento da democracia no país”.

Democracia que, acrescentou Moreira, “vem sendo desafiada por várias forças, em vários momentos, em nosso tempo presente. Acreditamos que saúde é democracia e que democracia é saúde”.

Saúde que, de acordo com o presidente, “ultrapassa a ausência de doença. Estamos falando do direito ao trabalho, à moradia, à segurança, à cidade, à educação, ao lazer. Enfim, a uma vida digna que permita o pleno desenvolvimento humano. Acreditamos que isso somente é possível diante de um estado democrático de direito e de bem-estar social. Portanto há muito a fazer, a luta é boa e longa. E, como diz Caetano, é preciso estar atento e forte”.

Ao concluir seu discurso, o presidente parabenizou a todos os trabalhadores e estudantes da Fundação (foto: Peter Ilicciev)
Ao concluir seu discurso, o presidente parabenizou a todos os trabalhadores e estudantes da Fundação (foto: Peter Ilicciev)

Lembrando Mario Quintana, Moreira disse que o poeta “nos ensinou que sonhar é acordar para dentro. E essa é a nossa forma de sonhar: sermos uma instituição estratégica do Estado com o compromisso de sintonia permanente com as grandes questões no campo da saúde, as questões relacionadas ao SUS e a saúde global. Nossa forma de sonhar é estarmos atentos tanto aos desafios que já fazem parte da nossa história tanto àqueles que se apresentam na contemporaneidade e que alteram a vida no Brasil e no planeta, sempre com efeitos mais dramáticos sobre as populações sob vulnerabilidades. A triste desigualdade que ainda perdura, as mudanças climáticas, a transição demográfica para uma população que vive mais impõe crescentes desafios ao nosso SUS, desafios que devem orientar nossas atividades, programas e projetos. Precisamos estar convictos, sobretudo confiantes, de que somos agentes ativos da mudança”.

Ao concluir seu discurso, o presidente parabenizou a todos os trabalhadores, e estudantes da Fundação e pediu que sejam todos capazes de sonhar. “Sejamos todos capazes de acordar para dentro, olhando para o futuro do país e do planeta. Em nome da nossa comunidade, agradeço pelos 125 anos de confiança da sociedade no trabalho realizado em todos os lugares onde pés, mãos, corações e mentes da Fiocruz estão presentes”. Moreira disse que as comemorações pelos 125 anos se estenderão até maio de 2026, com eventos nas unidades da Federação onde a Fiocruz está presente.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc), Paulo Garrido, e a Associação dos Pós-Graduandos da Fiocruz RJ, Suzana Pacheco Liberal, também participaram da mesa de abertura. Garrido disse que “a Fiocruz, aos 125 anos, tem um legado imenso e que a credencia a contribuir para um país democrático e soberano”. Susana citou o reconhecimento da Fundação em todo o país e sua defesa do SUS e da democracia.

Homenagens

Falecidos em abril, o pesquisador da Fiocruz, Igor Sacramento, e o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde, Marco Aurélio Krieger, foram homenageados durante o evento (imagem: CCS/Fiocruz)
Falecidos em abril, o pesquisador da Fiocruz, Igor Sacramento, e o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde, Marco Aurélio Krieger, foram homenageados durante o evento (imagem: CCS/Fiocruz)  

A cerimônia foi de celebração, mas também momento para lembrar duas grandes perdas que a Fiocruz teve recentemente. Em 28 de abril morreu aos 61 anos o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde, Marco Aurélio Krieger, que lutava contra um câncer. Em homenagem a Krieger, a Fiocruz lançou um Mural Virtual para que amigos, colegas de trabalho ou qualquer pessoa possa encaminhar mensagens. Uma semana antes faleceu, aos 41 anos, o pesquisador Igor Sacramento, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz).

O ex-presidente da Fiocruz Carlos Morel recordou o legado de Marco Aurélio Krieger. Morel disse que conheceu o pesquisador quando ele ainda era criança e acompanhava o pai, o geneticista Henrique Krieger, em partidas de tênis. “Ele cresceu, se tornou um grande pesquisador e tinha o DNA da Fiocruz. Formou mestres e doutores que hoje atuam na Fundação, escreveu artigos científicos, ajudou a formular políticas públicas, se dedicou a incentivar a inovação, foi um excelente gestor”, afirmou Morel, às lágrimas.

O ex-presidente da Fiocruz Carlos Morel recordou o legado de Marco Aurélio Krieger (foto: Peter Ilicciev)
O ex-presidente da Fiocruz Carlos Morel recordou o legado de Marco Aurélio Krieger (foto: Peter Ilicciev)

Em seguida, o ex-diretor do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) Rodrigo Murtinho fez uma homenagem a Igor Sacramento. “É muito difícil falar do Igor. As notas de pesar destacaram o brilhantismo dele, mas vou além. Ele era uma referência em áreas que articulam ciência e saúde, um pensador inquieto, com uma presença forte e decisiva. Onde quer que estivesse nos desconcertava, nos indagava, desafiava certezas, nos convocava a investigar as contingências da vida. Era um tipo especial de cientista, que sorria e fazia uma ciência engajada na defesa da diversidade. Tinha rigor nas suas pesquisas, mas também havia afetos”, observou Murtinho, que saudou os familiares do pesquisador que estavam presentes ao evento.

O ex-diretor do Icict/Fiocruz Rodrigo Murtinho fez uma homenagem a Igor Sacramento (foto: Peter Ilicciev)

O presidente Mário Moreira agradeceu a presença da viúva do ex-vice-presidente, Lina Krieger, e dos filhos Mariana e Gabriel. “A morte dele deixa um imenso vazio, mas sempre me lembro dele, que muito me ensinou, com muita alegria”. O dirigente também saudou a família de Sacramento.

Novos membros do CD Fiocruz

A cerimônia dos 125 anos também foi marcada pela posse dos novos membros do Conselho Deliberativo (CD) da Fiocruz. Em maio houve eleições nas unidades da Fundação em todo o país e os servidores elegeram – e em alguns casos reelegeram – os seus diretores por voto direto para o mandato 2025/2028. E, como diretores de unidades, todos têm vaga garantida no CD da instituição, cuja próxima reunião ocorrerá nestas quinta e sexta-feiras (28 e 29/5).

Os novos membros do Conselho Deliberativo da Fiocruz (foto: Peter Ilicciev)
Os novos membros do Conselho Deliberativo da Fiocruz (foto: Peter Ilicciev) 

A ex-diretora do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), Valdiléa Veloso, discursou em nome dos diretores que concluíram seus mandatos. “Recebemos uma grande responsabilidade, que vem por meio de um legado construído coletivamente. Passamos por tempos conturbados e até mesmo sombrios, com muitas adversidades. Mas apesar disso a Fiocruz cresceu em todas as áreas em que atua. Houve desafios e angústias, mas alcançamos vitórias. Hoje temos uma instituição mais madura e ainda mais sólida”. E concluiu com uma citação: “Não somos melhores e nem piores. Somos diferentes. Melhor é a nossa causa”.

Valdiléa Veloso (INI/Fiocruz) discursou em nome dos diretores que concluíram seus mandatos (foto: Peter Ilicciev)

Pelos novos diretores, eleitos este mês, interveio o pesquisador Valdeyer Galvão dos Reis, que vai tomar posse como novo diretor da Fiocruz Bahia. Ele disse que a Fundação é “existência, resistência e persistência”. Valdeyer afirmou que a Fiocruz tem mostrado, desde as suas origens, “uma forte competência técnico-científica, que foi mais uma vez testada durante a pandemia de Covid-19. E novamente a Fundação reuniu saberes, tecnologias e pessoas para vencer aquele desafio. Mais um entre muitos que enfrentamos e vencemos”.

Valdeyer Galvão dos Reis (Fiocruz Bahia) falou em nome dos diretores que vão tomar posse (foto: Peter Ilicciev)
Valdeyer Galvão dos Reis (Fiocruz Bahia) falou em nome dos diretores que vão tomar posse (foto: Peter Ilicciev)

Os diretores das unidades da Fiocruz para o mandato 2025-2028 são Adriano da Silva, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict); Anamaria D'Andrea Corbo, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV); Antônio Flávio Vitarelli Meirelles, do Instituto Fernandes Figueira (IFF); Christoph Schweitzer Milewski, do Instituto de Ciência e Tecnologia em Biomodelos (ICTB); Cristiana Ferreira Alves de Brito, do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas Gerais); Estevão Portela Nunes, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI); Fabiano Borges Figueiredo, do Instituto Carlos Chagas (Fiocruz Paraná); Marco Antonio Carneiro Menezes, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp); Marcos José Araújo Pinheiro, da Casa de Oswaldo Cruz (COC); Mychele Alves Monteiro, do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS); Pedro Miguel dos Santos Neto, do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz Pernambuco); Rosane Cuber Guimarães, do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-manguinhos); Silvia Pereira da Silva Santos, do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos); Stefanie Costa Pinto Lopes, do Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia); Tania Cremonini de Araújo Jorge, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC); e Valdeyer Reis, do Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia).

Em seguida, foram reconduzidos aos cargos os coordenadores dos escritórios da Fiocruz no Piauí, Mato Grosso do Sul, Brasília e Ceará, casos em que não há eleição para diretor. Os coordenadores são Carla Freire Celedonio Fernandes (Fiocruz Ceará), Jacenir Reis dos Santos Mallet (Fiocruz Piauí), Jansen Medeiros (Fiocruz Rondônia), Jislaine Guilhermino (Fiocruz Mato Grosso do Sul) e Maria Fabiana Damásio Passos (Gerência Regional de Brasília).

Representantes da Presidência da Fiocruz (foto: Peter Ilicciev)

Na cerimônia foi reapresentada a composição da Presidência da Fundação para a gestão 2025-2028. Duas foram as novidades: o anúncio da criação do cargo de vice-presidente adjunto para cada uma das Vice-Presidências e a nomeação de Priscila Ferraz, que era a diretora executiva adjunta, para o cargo de vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde. Alda Cruz conduzirá a Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas ao lado da vice-presidente adjunta, Marcia Teixeira. Juliano de Carvalho Lima seguirá no comando da Diretoria Executiva. Marcelo Pelajo se junta à Vice-Presidência de Saúde Global, que será liderada por Lourdes Oliveira. Marly Cruz vai liderar a Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação ao lado da vice-presidente adjunta, Eduarda Cesse. Priscila Ferraz assume a Vice-Presidência de Produção e Inovação em Saúde e terá como vice-presidente adjunto Marcos Nascimento. Rivaldo Venâncio lidera a chefia de Gabinete ao lado do presidente Mário Moreira. Valcler Rangel estará à frente da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde, ao lado da vice-presidente adjunta Patricia Canto. Hilda da Silva Gomes segue na liderança da Coordenação de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas. Raquel Aguiar conduzirá a Coordenação de Comunicação Social. Romulo Paes vai coordenar o Centro de Estudos Estratégicos. Tânia Maria Peixoto Fonseca comandará a Coordenação de Vigilância e Laboratórios de Referência. A Coordenação de Relações Institucionais será liderada por Zélia Profeta. Após o anúncio da nova equipe, o presidente Mário Moreira se disse feliz porque o número de mulheres em cargos do alto escalão da instituição aumentou consideravelmente em sua gestão.

Reconhecimento

Em outro momento de forte emoção, o presidente Mário Moreira homenageou o patrono Oswaldo Cruz com a entrega de uma placa de reconhecimento do seu legado para a saúde e ciência a representantes da família. Estiveram presentes Lilian Oswaldo Cruz, viúva do neto Eduardo Oswaldo Cruz, o bisneto Eduardo Oswaldo Cruz Filho, a bisneta Stella Oswaldo Cruz Penido e o trineto George Oswaldo Cruz.

"Para mim é grande honra e grande alegria fazer esta homenagem e saber que os valores de Oswaldo Cruz continuam a nos nortear. Queremos incidir na realidade nacional assim como nosso patrono fez, no início do século 20”, pontuou Moreira. O trineto George leu um texto com uma resumida trajetória sobre a Fiocruz.

Mário Moreira homenageou o patrono Oswaldo Cruz com a entrega de uma placa a representantes da família (foto: Peter Ilicciev)
Mário Moreira homenageou o patrono Oswaldo Cruz com a entrega de uma placa a representantes da família (foto: Peter Ilicciev) 

Livros

A programação abriu espaço para o lançamento de dois livros da Editora Fiocruz, que completou 32 anos este mês. Um é intitulado Ciência e saúde pela vida: 125 anos de história da Fiocruz, obra coletiva que documenta, analisa e celebra os marcos históricos, científicos e sociais da instituição. O outro é a versão em inglês do clássico A ciência a caminho da roça.

O primeiro é composto por textos introdutórios e reúne 121 verbetes escritos por 83 autores, em sua maioria historiadores da ciência e da saúde, e oferece ao público uma leitura acessível, crítica e profundamente conectada com os desafios do país. A obra, uma parceria com a Editora Hucitec, é fruto de cinco anos de trabalho conduzido pela Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), e propõe uma abordagem interdisciplinar e não linear da trajetória da Fiocruz, apresentando-a como protagonista permanente da história da ciência e da saúde pública no Brasil. 

Selo

Houve ainda o lançamento de um selo comemorativo dos 125 anos da Fiocruz, produzido pelos Correios. A obra foi produzida a partir de um pedido da Presidência da Fiocruz. A Fundação pediu que o selo contivesse o prédio-símbolo, o Castelo, nome da instituição, a data comemorativa (125 anos) e que fosse ilustrado, sem o uso de fotografia. O objetivo era unir os valores que o Castelo carrega, como legado, história, tradição, solidez e segurança, com os levantados pelo estilo da ilustração, com o traço e a estética exibindo inovação e tecnologia. Foi solicitado ainda o uso majoritário das cores institucionais, principalmente do novo verde Fiocruz.

O presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, foi representado pelo superintendente estadual da estatal no Rio de Janeiro, José Oliveira dos Santos. Com arte de Daniel Ferreira (Correios), o selo traz ilustração do conjunto histórico de Manguinhos, que passou a ser candidato a Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 2024. A peça filatélica estará disponível em breve nas agências e no site da empresa.

Selo dos Correios foi lançado durante o evento de celebração dos 125 anos da Fiocruz (foto: Peter Ilicciev)
Selo dos Correios foi lançado durante o evento de celebração dos 125 anos da Fiocruz (foto: Peter Ilicciev)

Para o superintendente estadual dos Correios no Rio, a emissão é uma forma de reconhecimento oficial da contribuição da Fiocruz para a saúde pública, a ciência e a inovação no Brasil. "É uma grande satisfação para os Correios registrar os 125 anos dessa instituição tão importante para o país e uma das mais respeitadas da América Latina. A Fiocruz tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento científico, tecnológico e social do Brasil, consolidando-se como referência internacional em saúde pública. Assim como os Correios, a Fundação promove iniciativas voltadas para populações vulneráveis, desenvolve tecnologias sociais e atua em projetos de saúde indígena, saúde da mulher, saúde mental e enfrentamento das desigualdades. Sua missão vai além da produção de conhecimento: ela busca transformar esse conhecimento em ações concretas que melhorem a vida das pessoas", destacou Santos.

“Selos registram e guardam para a posteridade momentos, celebrações, datas, eventos, conquistas. É com este espírito que nos juntamos aos Correios para conceber este produto carregado de significado. Este selo une duas instituições públicas que saúdam a defesa da saúde, da ciência e da vida – o que a Fiocruz vem fazendo ao longo de todas estas décadas”, afirmou Mário Moreira.

Edital

Outro destaque do evento foi o lançamento da quarta edição do edital do Selo Fiocruz Vídeo para a produção de obras audiovisuais sobre temas de saúde pública, sob a coordenação da VideoSaúde Distribuidora. O edital prevê o financiamento de dez filmes documentais originais e inéditos, com duração entre 20 e 28 minutos, a partir de temas indicados pela Fiocruz, como mudanças climáticas, desinformação em saúde, saúde da pessoa idosa, alimentos ultraprocessados, saúde da mulher – com enfoque em questões étnico-raciais –, drogas e saúde mental, saúde nas fronteiras, acessibilidade e saúde, entre outros. As obras estarão disponíveis em TVs públicas, educativas e universitárias, no Canal Saúde e na Fioflix – a plataforma de acesso aberto da VideoSaúde.

Programação

A celebração continuará nestas quinta e sexta-feiras (29 e 30/5). Na Praça Pasteur, ao lado do Castelo Mourisco da Fiocruz, no campus de Manguinhos, no Rio de Janeiro, haverá uma nova edição da feira Fiocruz Saudável. O evento terá tendas com atividades diversas, rodas de conversa e apresentações culturais, entre outras ações, como vacinação e massoterapia.