Autoridades da Saúde Global celebram os 125 anos da Fiocruz durante 78ª AMS

Por Agência Fiocruz de Notícias (AFN)
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Para abrir as comemorações de seus 125 anos, a Fiocruz realizou, na noite de terça-feira (20/5), um evento que celebrou seu legado em pesquisa científica, além de destacar seu protagonismo na Saúde Global. Em agenda paralela à 78ª Assembleia Mundial de Saúde (AMS) da Organização Mundial da Saúde (OMS), em Genebra (na Suíça), o evento reuniu parceiros históricos, autoridades e atores relevantes da Saúde Global. Marcado pela valorização das parcerias que impulsionam o trabalho da Fundação, a ocasião contou com a presença do ministro da Saúde brasileiro, Alexandre Padilha, do diretor executivo do Programa de Emergências Sanitárias da OMS, Mike Ryan; e do presidente da Fiocruz, Mario Moreira. Durante o evento, a Fiocruz e os Centros Africanos de Controle e Prevenção de Doenças (CDC África) assinaram um Memorando de Entendimento, no contexto da nova Coalizão Global para Produção e Inovação Local e Regional, Inovação e Acesso Equitativo, para estabelecer melhorias nos sistemas de saúde dos países da União Africana.  

Fiocruz inicia as comemorações dos seus 125 anos em evento durante a 78ª AMS (foto: Raquel Aguiar)

Com o tema Promovendo a equidade por meio da liderança científica, o evento destacou as contribuições contínuas da Fiocruz e seu crescente papel na cooperação para construção de sistemas de saúde pública resilientes, inclusivos e orientados pela ciência. Atualmente, a Fiocruz apresenta colaborações com países de todos os continentes, atuando fortemente na solidariedade Sul-Sul entre nações, sem abrir mão das cooperações Sul-Norte. A Rede Pasteur, a UN Foundation e a Unitaid co-organizaram o evento e foram representados por seus dirigentes.

Na abertura, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, classificou a Fiocruz como “patrimônio nacional que o Brasil se orgulha de compartilhar com o mundo”. Ao discorrer sobre a importância da Fundação, ele citou grandes feitos científicos e históricos da instituição, como a descrição do ciclo da doença de Chagas, o desenvolvimento da tecnologia para vacinas de mRNA e o diagnóstico do primeiro caso de HIV/Aids no país.

Ministro da Saúde, Alexandre Padilha marcou presença na abertura da cerimônia (foto: Raquel Aguiar)

“Da prevenção de doenças infecciosas à produção de métodos de diagnóstico, medicamentos, vacinas e outros insumos de saúde, a Fiocruz faz a diferença no aperfeiçoamento da qualidade de vida”, disse o ministro. “Aliada à vocação científica, a Fiocruz destaca-se ainda na construção da institucionalidade da política sanitária brasileira, na formação e capacitação em saúde, na atenção hospitalar e na cooperação internacional com projetos estruturantes”.  

‘Multilateralismo por um mundo mais justo’

Presidente da Fiocruz, Mario Moreira destacou a complexidade do trabalho da instituição, apontando as parcerias científicas pelo mundo e a atuação nacional pelo fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). “Para falar da resiliência e das conquistas extraordinárias da Fiocruz, precisamos falar do seu passado. Esta celebração homenageia o legado que nos sustenta hoje — um legado sem o qual não podemos vislumbrar o futuro”, afirmou.  

Moreira ressaltou a importância do multilateralismo e dos esforços conjuntos por um mundo mais justo e saudável. Em seu discurso, ele lembrou as palavras do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, durante a abertura da 78ª Assembleia, quando saudou as conquistas da Fiocruz e o seu 125º aniversário. “Agradecemos a OMS pelo trabalho impressionante, pela liderança e comprometimento com os mesmos princípios e objetivos da Fiocruz, mesmo em meio a esses tempos desafiadores”, disse o presidente. 

Presidente da Fiocruz, Mario Moreira conduziu o evento (foto: Divulgação)

Ele ainda recordou o trabalho conjunto com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e agradeceu a instituição pelas parcerias, em nome de seu diretor, Jarbas Barbosa, presente no evento. Ele também mencionou o embaixador Tovar Nunes e seu trabalho na Missão permanente do Brasil na ONU.  

O presidente também agradeceu o convite do Ministério da Saúde para a Fiocruz integrar a comitiva do governo brasileiro na AMS e todo o apoio do MS dado à Fiocruz, especialmente sob a perspectiva da saúde global.

“A Fiocruz tem uma longa trajetória que levou à sua legitimidade e reputação, nacional e internacionalmente. Porém, os desafios atuais têm nos colocado à prova. É por isso que nosso lema diz ‘pés fincados na tradição e olhos voltados para o futuro’, que representa o nosso compromisso em honrar o legado, abraçando a inovação para enfrentar o que está por vir”, concluiu Mario Moreira.

Vice-diretor geral da OMS, Mike Ryan representou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom, no evento. Ele destacou a relevância histórica da Fiocruz e afirmou que, hoje, a instituição é mais que nacional ou regional, mas uma instituição global. “A Fiocruz é um ator importante na arquitetura da saúde global, particularmente com relação às doenças infecciosas, pesquisa, inovação e preparação para pandemias”, destacou Ryan. “Acredito que a combinação entre inovação e equidade seja a marca da Fiocruz entre as instituições globais”. Também esteve presença na ocasião o novo diretor executivo do Programa de Emergências de Saúde da OMS, Chikwe Ihekweazu.

Mike Ryan também citou as parcerias entre a Fiocruz e a OMS (a exemplo do Consórcio Aberto e Colaborativo de Pesquisa em Flavivírus, da Rede Internacional de Vigilância e do hub de Inteligência Epidemiológica de Berlim) como ações de parcerias estratégicas, eficazes e inovadoras para a OMS. 

Mike Ryan representou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom (foto: Raquel Aguiar)

Em nome da OMS, Mark Ryan homenageou o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, citando, por exemplo, sua atuação em uma aliança com a Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi). Krieger faleceu no último dia 26 de abril. “Ele enfatizava a importância da intervenção regional, ouvimos muitas vezes sua crença na ciência da América Latina, sua crença de que isso era relevante para o mundo e não apenas na região. Sua falta será sentida por todos os seus colegas, familiares e por nós, na OMS. É por essas pessoas que devemos continuar fazendo o nosso trabalho”.  

Pilar da saúde pública no Brasil  

O legado da Fiocruz e sua trajetória na construção de uma saúde pública brasileira equitativa foi destaque em reportagem na revista científica The Lancet. Durante a cerimônia, o presidente Mario Moreira compartilhou com os convidados o artigo.

A liderança da Fiocruz no avanço da avaliação de risco de epidemias e pandemias também foram temas em destaque no evento. Além disso, seu pioneirismo na produção e inovação de vacinas, controle de doenças e vigilância – contribuições determinantes para populações vulnerabilizadas.   

Parte da delegação do Ministério da Saúde na 78ª AMS, a ex-presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, também esteve no evento (foto: Raquel Aguiar)

Presidente da Fiocruz entre 2017 e 2022, a ex-ministra da Saúde, Nisia Trindade Lima, que integra a delegação do Ministério da Saúde do Governo do Brasil na 78ª AMS, fez uma breve apresentação sobre a trajetória da Fiocruz. “Um dos pilares do surgimento da Fiocruz foi a necessidade de integrar pesquisa, vigilância, educação e produção de tecnologias em saúde. A experiência do jovem cientista Oswaldo Cruz e do Instituto Pasteur inspirou o projeto institucional no Brasil”, afirmou.  

Acordo com CDC África simboliza cooperação Sul-Sul  

A cerimônia também teve como um de seus objetivos constituir um espaço para debater como instituições do Sul Global, a exemplo da própria Fiocruz, podem liderar o intercâmbio científico, conquistar suas soberanias produtivas e desenvolver soluções em conjunto por meio de parcerias equitativas.  

Durante a cerimônia, foi assinado um Memorando de Entendimento (MdE) entre a Fiocruz e os Centros Africanos de Controle e Prevenção de Doenças (CDC África) para estabelecer melhorias aos sistemas de saúde dos países da União Africana, já no contexto da nova Coalizão Global para Produção e Inovação Local e Regional, proposta pelos ministros de Saúde e instituída pelos países do G20 na 78º AMS, mais cedo no mesmo dia.

Apoio histórico

Durante a cerimônia, o presidente da Fiocruz ainda agradeceu aos co-organizadores do evento em Genebra: a Rede Pasteur e sua diretora, Rebecca Grais; a Unitaid e seu diretor-executivo, Philippe Duneton; e a UN Foundation e sua vice-presidente de Estratégia de Saúde Global, Cecilia Mundaça.