No dia 29 de abril, a Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz (VPAAPS/Fiocruz) em parceria com o Movimento Baía Viva promoveram a abertura da Exposição Ser na Mata – Olhares obre os Povos nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. O evento aconteceu no Centro de Recepção do Museu da Vida da Fiocruz, em Manguinhos, RJ e na ocasião, cerca de 90 indígenas das oito aldeias do Estado do RJ e uma de Ubatuba de São Paulo participaram da cerimônia.
As fotos expostas são de autoria Gutemberg Brito, Cláudio Fagundes de Oliveira e Eduardo Napoli, os quais tiveram olhares sensíveis em seus registros nas aldeias, a partir de visitas de campos das equipes da Fiocruz envolvidas no Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com o Movimento Baía Viva, firmado em 2024. O conhecimento da Fiocruz aliado ao tradicional com certeza trará grandes avanços para a promoção de Territórios Sustentáveis e Saudáveis (TSS) nas aldeias. A Fiocruz está criando uma rede de atores que possam contribuir com essas ações, pesquisadores do IOC, Ensp e ICTB já fazem parte da rede.
A abertura contou também com o lançamento do documentário Nhemonguetá, que tem como proposta escutar o que a juventude indígena tem a dizer sobre seus territórios, suas lutas, sua saúde, sua espiritualidade e seus sonhos. O vídeo pode ser visto no canal do youtube do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS) da Fiocruz, através do link: https://youtu.be/CAfE_ADdlBE . “Esse vídeo foi feito pela juventude indígena e vocês podem ver que nesse encontro a gente pediu muito para trazer a juventude, a gente tem que preparar as futuras lideranças! Foi incrível, tem muita gente jovem aqui”, celebrou Andréa Vanini, Coordenadora Adjunta da Fiocruz Mata Atlântica.
Valcler Rangel, vice-presidente da VPAAPS/Fiocruz, em sua fala de abertura, recebe as lideranças indígenas e fala: “Queria deixar a nossa casa(Fiocruz) à disposição de vocês- Povos Indígenas- e de todas as comunidades aqui presentes, a Fundação está aberta para ampliar o diálogo, fazer com que esse diálogo seja frutífero, que a gente possa daqui ter ideias, práticas, soluções e avanços para as comunidades indígenas do Rio de Janeiro, mas mais importante do que isso, do que para as comunidades, com as comunidades, todas as construções que a gente quer fazer, queremos fazer com vocês, com a participação, com a ideia de que todas as questões sejam debatidas com vocês.
É a nossa função, enquanto instituição pública, estabelecermos esses canais entre aquilo que se faz de saúde nas comunidades, com o que fazemos nas unidades de saúde da família, das estratégias de saúde da família, com os agentes indígenas de saúde, para conseguir olhar para os saberes ancestrais, tudo que hoje já é realizado pela saúde indígena, como a gente pode trabalhar essa articulação de pensamentos e de modo de olhar a saúde. A gente tem uma tarefa fundamental. A Fiocruz em sua tarefa de fazer pesquisa, de fazer ciência, de fazer construção de conhecimento, essa tarefa se declara muito aberta. Que os povos originários possam entender o que nós estamos falando, assim como nós procuramos entender a construção do conhecimento dos povos originários. E dessa forma, se fazer saúde. Ou seja, nossas experiências com os territórios considerados vulneráveis, o que eu costumo dizer que não são territórios vulneráveis, mas sim vulnerabilizados pelo desenvolvimento, pela política, pela obrigação de se responder as necessidades de consumo, das necessidades capitalistas, e que para a Fiocruz esses territórios são territórios de potência, os quais, temos muito que aprender com esses conhecimentos ancestrais e traz essas experiências para nós, e nessa troca compartilhada de conhecimento, construir saúde. Essa mostra tem essa importância de trazer a importância de produção de conhecimento com os povos indígenas”.
Ricardo Moratelli, Coordenador Executivo da Fiocruz Mata Atlântica (FMA), destacou a importância da cooperação técnica e frisou que a Fiocruz é de todo o povo brasileiro: “A Fiocruz é casa do povo brasileiro. É uma casa para saúde, não somente para o combate da doença, mas também para buscar o bem viver. O Acordo de Cooperação Técnica Baía Vida reflete isso. A Fiocruz Mata Atlântica foi procurada, no primeiro momento, para doar muda nativas do bioma da Mata Atlântica. A partir dessa interação da doação de mudas para as aldeias, percebemos a necessidade de contribuir mais como Fiocruz. A Fiocruz Mata Atlântica tem todo um conjunto de expertises que se encerra em um território e em um conjunto de atividades bastante restrito, mas arriscamos, optamos por tentar usar a estrutura matricial de toda a Fiocruz, a partir desse acordo de cooperação técnica. Então, através desse acordo de cooperação técnica, vamos trabalhar com doação de mudas nativas da Mata Atlântica, recuperação e restauração ecológica, hortas comunitárias, serviços de saúde animal, exatamente, a partir do controle de vetores, do controle de hospedeiros, de vírus, de bactérias, de fungos, buscando entender como é que essas relações ecológicas todas se dão ali no território, porque estamos na natureza e a natureza, de certa forma, seja aqui ou seja nas aldeias, é uma natureza bastante alterada em função do atual estado dos ecossistemas hoje e precisamos entender essas relações, como o ser humano se insere nela enquanto parte, enquanto agente transformador, para que a gente possa, de forma efetiva, fazer as intervenções junto com vocês”.
Além das lideranças indígenas das aldeias presentes, participaram da cerimônia de abertura da exposição, Sérgio Potiguara, do Movimento Baía Viva.
A exposição “Ser na Mata: Olhares sobre os Povos Indígenas no estado do Rio de Janeiro” ficará no Centro de Exposição do Museu da Vida de 29 de abril a 16 de maio e é uma oportunidade de apreciar um material produzido em campo de ações desenvolvidas pela Fiocruz de promoção da saúde. Venha conferir e aproveite todos os espaços de visitação do Museu da Vida!