Jornalista recebida pelo projeto ResiliSUS/CEE destaca SUS como inspiração ao sistema inglês em reportagem no ‘Telegraph’

Por Fonte: CEE Fiocruz
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O modelo do Sistema Único de Saúde brasileiro, que confere aos agentes comunitários de saúde (ACSs) importante papel na Atenção Primária, deverá inspirar o National Health System (NHS) da Inglaterra, em seus desafios de melhoria dos indicadores de saúde. A informação está expressa em reportagem publicada em 7/4, no jornal britânico The Telegraph, assinada por Laura Donnelly e Claudia Marquis, com o título O NHS está perto do colapso — um projeto das favelas brasileiras poderia salvá-lo? (The NHS is close to collapse – could a radical scheme from Brazil’s favelas save it?).

A reportagem é resultado de iniciativa do projeto Tecnologia, Informação e Resiliência em Saúde Pública (ResiliSUS), do CEE-Fiocruz, que recebeu Laura Donelly no Rio de Janeiro, em março de 2025, e enviou ao Imperial College de Londres o agente comunitário Bernardo  Xavier, selecionado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do Rio para participar dessa experiência de intercâmbio. A parceria entre o ResiliSUS/CEE e o Imperial College, por meio do seu Departamento de Saúde Púbica, foi estabelecida em 2024, com o objetivo de compartilhar e disseminar metodologias e experiências que envolvem o conceito de resiliência em saúde, de forma a fortalecer o SUS.

Como informa o Telegraph, um projeto-piloto orientado pela experiência brasileira está em curso no sistema no sistema de saúde inglês, inicialmente no bairro londrino de Pimlico, com ampliação prevista para 25 regiões da Inglaterra. A iniciativa deverá orientar um plano decenal, a ser publicado em junho pelo secretário de Saúde Wes Streeting, que visa promover uma “mudança fundamental na forma como a assistência médica é prestada – com foco muito maior na prevenção de doenças e na transferência de muito mais serviços dos hospitais para a comunidade”, aponta, ainda, o jornal.

‘Melhorias drásticas’

“Os agentes de saúde são fundamentais para a Estratégia Saúde da Família (ESF), idealizada no Brasil na década de 1990, para levar o atendimento dos hospitais para as comunidades e foi criada como parte da resposta ao primeiro grande surto de cólera em um século”, destaca o Telegraph, acrescentando que a ESF “tem sido associada a melhorias drásticas nos resultados de saúde”.

A reportagem descreve o trabalho dos agentes, “que vão de porta em porta, oferecendo apoio e aconselhamento, educação e acesso a serviços de saúde”, alguns deles prestando ajuda no local, distribuindo vacinas e receitas e verificando a pressão arterial. Ajudam também, informa o texto, os vulneráveis ​​a navegar pelo sistema de saúde, por exemplo, marcando consultas com especialistas, clínicos gerais e dentistas.

Em sua visita ao Brasil, Donelly e Marquis visitaram comunidades no Rio de Janeiro, Caxias e Manaus, acompanhando o trabalho dos agentes comunitários de saúde. Conforme reportam, esses profissionais oferecem também “algo menos tangível”, referindo-se à relação de confiança estabelecida com os territórios nos quais atuam. “Em um país que luta contra uma série de males sociais, em particular drogas, criminalidade e desemprego, os agentes assumem um papel mais profundo e de longo prazo, aprendendo os segredos que dividem famílias e ajudando alguns dos mais vulneráveis ​​a se reerguerem”, apontam, lembrando que, na proposta brasileira, o ACS é recrutado nas áreas em que atua, “mesmo morando na mesma rua onde trabalha”.

As jornalistas do Telegraph compartilham também “algumas dúvidas” na reportagem, observando que a abordagem brasileira “tira proveito de um espírito comunitário” forte no país. “Talvez seja menos claro se a Grã-Bretanha moderna possui tal senso de comunidade que poderia ser aproveitado, ou se uma batida na porta seria tão bem-vinda”, avaliam.

Leia a reportagem completa (em inglês)