A Coordenação de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas (Cedipa) completa dois anos de atuação no dia 31 de março, com um balanço de avanços na construção de uma cultura institucional mais acessível, inclusiva e pautada no princípio da equidade. Criada em 2023, como uma das primeiras iniciativas do presidente Mario Moreira, a coordenação tem combatido sistematicamente o racismo, capacitismo, machismo, misoginia, xenofobia e LGBTIfobia na instituição.
Sob a liderança de Hilda Gomes, a Cedipa organiza seu trabalho em quatro eixos: enfrentamento às desigualdades e violências de gênero, desigualdades étnico-raciais e ao capacitismo, além de uma agenda interna e interinstitucional. "Nossa missão é garantir espaços acolhedores para todas as pessoas trabalhadoras, estudantes e usuárias dos nossos serviços", destaca a coordenadora.
Para implementar as diretrizes das Políticas Institucionais de Equidade Étnico-Racial, de Gênero e de Acessibilidade, entre 2023 e 2024, a equipe participou de eventos na Fiocruz Piauí e Ceará, realizou visitas às unidades da Fiocruz em Rondônia, Amazônia, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e Brasília, além das unidades do Rio de Janeiro, como o Instituto da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF), Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), Instituto de Ciência e Tecnologia em Biomodelos (ICTB), Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) e Bio-Manguinhos.
Também estabeleceu diálogos com órgãos federais e atuou de maneira interinstitucional em reuniões com a Secretaria de Políticas Públicas de Ações Afirmativas e a Assessoria de Participação Social e Diversidade do Ministério da Igualdade Racial (MIR), além da Assessoria para Equidade Racial em Saúde do Ministério da Saúde (MS).
Articulações interinstitucionais
Em 2023, a Cedipa colaborou com a Coordenação Geral de Gestão de Pessoas (Cogepe) no processo de implementação da Política de Ações Afirmativas, organizando e estruturando as Comissões de Heteroidentificação racial.
A coordenação também participou como uma das mentoras do Programa LideraGOV 4.0, uma iniciativa do governo federal voltada para a formação de líderes na gestão pública. O programa é promovido pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e pela Fundação Escola Nacional de Administração Pública (Enap).
Durante o encontro do G20 no Rio de Janeiro, em 2024, a coordenação participou das discussões do T20, grupo de engajamento de centros de pesquisa e especialistas de alto nível. Em parceria com a Universidade da Califórnia (EUA), elaborou a policy brief "Equity as a Reference for Public Policies from the Perspective of Health Care", destacando a equidade como essencial para o direito ao cuidado e o enfrentamento às desigualdades.
A partir de 2025, a Cedipa também passará a integrar o Comitê Gestor do Observatório de Saúde da População Negra do TED Fortalecimento da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, atuando como consultoria e membro ativo.
Cedipa em visita institucional e formação na Fiocruz Bahia
Avanços da Cedipa na Fiocruz
Nos últimos dois anos, o trabalho da Cedipa tem se materializado em uma extensa agenda de formações. No Museu da Vida Fiocruz, realizou encontros sobre letramento racial para profissionais, pesquisadores e alunos. Ministrou disciplinas no Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) e no Programa de Residência Multiprofissional do IFF/Fiocruz, abordando desigualdades sociais e saúde coletiva. Conduziu oficinas no Observatório de Tecnologias de Informação e Comunicação em Sistemas e Serviços de Saúde (OTICS) e no Centro Municipal de Saúde João de Barros Barreto (RJ), além de oficinas no Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia), Instituto René Rachou (Fiocruz Minas) e no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO).
Promoveu rodas de conversa, aulas e formações sobre desigualdade de gênero e seus impactos, abordando temas como a sub-representação das mulheres em espaços de decisão e as interseccionalidades que ampliam as barreiras enfrentadas por mulheres negras, indígenas, LGBTQIA+ e com deficiência. As atividades reforçaram a necessidade de uma agenda institucional mais efetiva no enfrentamento dessas desigualdades, impulsionando políticas e práticas voltadas à equidade de gênero na Fiocruz.
No enfrentamento ao capacitismo, coordenou atividades culturais acessíveis em parceria com a SonoriLab e o Museu de Arte Contemporânea de Niterói. Durante o Novembro Negro, em parceria com a Coordenação de Comunicação Social (CCS), produziu vídeos abordando conceitos fundamentais da luta antirracista em Libras. Em dezembro, a equipe realizou o festival "Arte que Luta, Corpos que Resistem", protagonizado por artistas com deficiência.
A coordenação participou da Semana de Inovação da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), em Brasília, na roda de conversa "Cuidado e inclusão: práticas e perspectivas na Fiocruz", destacando estratégias institucionais para a promoção da diversidade.
Oficina de Comunicação e Diversidade: Reflexões para práticas inclusivas no Instituto René Rachou (Fiocruz Minas)
A Cedipa levou a Tenda Quilombinho ao evento Fiocruz pra Você, promovendo atividades que celebram a cultura negra e a acessibilidade. Além disso, organizou a Exposição DiverSaúde, que homenageou 14 pessoas que produzem conhecimento em ciência e saúde e o aplicam em seus territórios.
Outro destaque foi o "I Encontro REDEquidade: Fiocruz pela Diversidade e Inclusão", que reuniu 60 participantes, entre representantes das unidades e escritórios da Fiocruz, para compartilhar experiências sobre a implementação das políticas de Acessibilidade e Inclusão das Pessoas com Deficiência (2019) e de Equidade Étnico-racial e de Gênero (2023). Com plenárias e grupos de trabalho, o encontro incentivou a criação de comissões de equidade nas unidades e resultou na elaboração de um plano de ações para a instituição.[
Neste ano, em adesão à campanha 21 Dias de Ativismo Contra o Racismo, a coordenação realizou a campanha "Fiocruz contra o racismo – essa luta também é sua". A ação reuniu trabalhadoras e trabalhadores para registros fotográficos individuais e coletivos, acompanhados de frases sobre a luta antirracista, além de uma visita ao Circuito da Herança Africana.
A Cedipa coordena e desenvolve, desde outubro de 2023, o projeto "Ações de fomento à saúde integral no território da Maré", fruto de emenda parlamentar. A iniciativa reúne uma série de ações focadas na promoção da saúde integral da população LGBTQIA+, da população negra e das mulheres, por meio de estratégias que contribuem para a preservação cultural das favelas que compõem o território.
E tem investido em iniciativas voltadas à empregabilidade e reinserção social, com destaque para dois programas estratégicos: um destinado ao fortalecimento da autonomia econômica de mulheres egressas do sistema prisional e outro focado na inclusão profissional de pessoas trans.
A diversidade da equipe também se reflete no cotidiano da Cedipa, que mantém o compromisso com a construção de um ambiente mais acessível e inclusivo, o que reforça a importância da acessibilidade e da representatividade como princípios estruturantes de suas ações.
"Estamos construindo um novo paradigma institucional. Cada formação, cada debate, cada política implementada é um passo na direção de uma Fiocruz mais justa e representativa, onde a excelência científica caminha lado a lado com o compromisso social", conclui Hilda.