Forecasting Healthy Futures Global Summit: Fiocruz Apresenta Orientações Para Ações Climáticas Focadas Em Saúde e Equidade

Por
Cláudio Cordovil EFA 2030/Fiocruz
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Rio de Janeiro, 9 de abril de 2025 - Durante o painel “Perspectivas do Brasil: rumo à COP30 e reforçando equidade e inclusão no setor saúde”, Paulo Gadelha, coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA 2030), reafirmou o compromisso da Fundação Oswaldo Cruz com a integração entre saúde, clima e desenvolvimento sustentável. O painel integrou a programação do Forecasting Healthy Futures Global Summit, realizado no Hotel Sheraton, no Rio de Janeiro, entre os dias 8 e 10 de abril. 


Gadelha dividiu o palco com Agnes Soares da Silva, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e do Trabalhador do Ministério da Saúde, que apresentou “uma versão bastante preliminar”  do Plano de Ação sobre Clima e Saúde, documento que será discutido na COP 30, com o objetivo de adaptar o setor de saúde às mudanças climáticas.  Seus principais objetivos são: 

 

  • Garantir a resiliência dos serviços de saúde durante emergências climáticas;
  • Reforçar a capacidade dos sistemas de saúde para mitigar a morbidade e mortalidade relacionadas ao clima

 

Segundo Agnes, o plano coloca a equidade no centro das ações em clima e saúde, especialmente para populações vulneráveis da Amazônia.

 

A COP 30 é a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que será realizada em Belém, no Pará, em novembro de 2025. O evento reunirá líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil, com os seguintes objetivos: 

 

  • Debater soluções para conter o aquecimento global;
  • Criar alternativas sustentáveis para a vida na Terra;
  • Encontrar soluções para problemas ambientais que afetam o planeta;
  • Negociar compromissos diplomáticos para combater as mudanças climáticas.

 

A escolha de Belém como sede da COP 30 é emblemática, pois coloca a Amazônia no centro das discussões climáticas.

 

Durante sua apresentação, Gadelha enfatizou a conexão entre a Agenda 2030 e o Acordo de Paris como pilar fundamental para as políticas públicas focadas na sustentabilidade e na luta contra as mudanças climáticas. A seu ver, faz cada vez menos sentido debater planos de desenvolvimento e políticas climáticas de forma separada. Para Gadelha, a Agenda 2030 e os seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável devem ser o foco de todas as políticas e estratégias para enfrentar as mudanças climáticas.

 

Gadelha destacou que a Estratégia Fiocruz para Clima e Saúde, estabelecida em 2024, representa a resposta institucional da Fundação à problematização crescente dos efeitos climáticos na saúde. 

 

Segundo ele, a iniciativa está estruturada em cinco áreas prioritárias:

 

  • Gerar e disseminar conhecimento para apoiar a ação climática, a saúde e a equidade, com foco em populações vulneráveis.
  • Fortalecer a resiliência do SUS frente aos impactos climáticos e incorporar a sustentabilidade ao Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS).
  • Preparar-se e responder a eventos climáticos, atualizando marcos de referência e desenvolvendo ferramentas de implementação.
  • Atuar em nível territorial, promovendo ecologia do conhecimento, laboratórios colaborativos e ações compartilhadas com comunidades para mitigação e adaptação climática.
  • Promover tecnologias sociais para ampliar a equidade em saúde e a adaptação às mudanças climáticas.
  • Adotar a abordagem “Saúde Única”, integrando saúde humana, animal e ambiental.

 

Entre as iniciativas da Fiocruz na interface Clima/Saúde destacadas por Gadelha na ocasião, encontram-se:  

 

  • Observatório de Clima e Saúde

Uma plataforma de monitoramento que integra dados ambientais e de saúde para apoiar políticas públicas e a vigilância em tempo real.

  • CIDACS – Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para a Saúde

Realiza estudos e pesquisas com base em projetos interdisciplinares utilizando ligação de grandes bases de dados (big data) para aprofundar o entendimento sobre determinantes sociais e ambientais e as políticas que impactam a saúde da população.

  • PITSS – Programa Institucional de Territórios Saudáveis e Sustentáveis

Programa voltado a induzir, articular e fortalecer ações territorializadas que promovam saúde e sustentabilidade. Integra conhecimentos e práticas relacionadas aos determinantes socioambientais da saúde e incorpora os objetivos aspiracionais da Agenda 2030.

  • INCT – Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Uma Só Saúde e Emergências

Rede de pesquisa com foco em resposta a desastres, mudanças climáticas e riscos à saúde, integrando os campos da saúde humana, animal e ambiental.

Na oportunidade, o Coordenador da EFA 2030 destacou duas iniciativas em andamento do governo brasileiro: a criação do Centro de Síntese em Saúde para Mudança do Clima, perda da Biodiversidade e Poluição e do Centro de Clima e Saúde de Rondônia (CCSRO). 

O Centro de Síntese em Saúde para Mudança do Clima, perda da Biodiversidade e Poluição tem como missão organizar e traduzir evidências científicas sobre determinantes socioambientais da saúde, promovendo inovação nos campos da saúde e do meio ambiente com foco na melhoria das condições de vida da população brasileira e no fortalecimento do SUS. 

Já o Centro de Clima e Saúde de Rondônia atuará com abrangência nacional e foco na Amazônia, reunindo geração e disseminação de conhecimento, promoção de tecnologias sociais e preparação para eventos extremos. A iniciativa integra a abordagem “Saúde Única”, considerando os efeitos das mudanças climáticas sobre doenças emergentes e a perda de biodiversidade. Este centro vai estabelecer parcerias com universidades, movimentos sociais e comunidades locais, sendo uma das contribuições da Fiocruz para a COP30 e para a cooperação pan-amazônica em saúde e clima.

Gadelha também compartilhou informações do Relatório Síntese da ONU acerca das Sinergias entre a Agenda 2030 e o Acordo de Paris (2024), que aponta que 80% das metas dos ODS da Agenda 2030 estão alinhadas com a agenda climática. Contudo, das 173 Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) apresentadas à Convenção do Clima da ONU, apenas 23 fazem referência aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, e nenhuma explica como as medidas climáticas afetam a sua execução.

Sobre o Forecasting Healthy Futures Global Summit

O Forecasting Healthy Futures Global Summit é um encontro global realizado anualmente pela iniciativa Forecasting Healthy Futures, sob a liderança da organização Malaria No More, com o suporte da coalizão Reaching the Last Mile. O Summit, que teve suas primeiras edições em Abu Dhabi (2023) e Baku (2024), tem congregado líderes mundiais, cientistas e formuladores de políticas públicas para debater soluções integradas entre saúde e clima.

 

O evento deste ano, realizado no Rio de Janeiro, teve como tema "Soluções Ecossistêmicas para a Saúde", visando intensificar a discussão sobre estratégias fundamentadas na natureza como soluções para crises interligadas, tais como mudanças climáticas, diminuição da biodiversidade e iniquidades em saúde.

 

A Fiocruz, enquanto instituição líder nacional e internacional em saúde pública, vem reforçando seu papel de liderança nessas questões, enfatizando a relevância da ciência e da colaboração para lidar com os desafios globais atuais.