Os 50 anos de estudos desenvolvidos pelo Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (Fiocruz Pernambuco) sobre a peste serão comemorados num seminário, no próximo dia 25/11, no auditório da instituição, a partir das 9h. Na programação estão agendados dois painéis. Às 10h será debatido o meio século desse trabalho, abordando desde a implantação do Plano Piloto da Peste, em Exú (cidade do sertão pernambucano) até o atual Serviço de Referência em Peste (SRP). Participam desse painel o professor da Universidade Federal de Alagoas Celso Tavares; a gerente nacional do Programa de Vigilância e Controle da Peste do Ministério da Saúde, Simone Pereira; e os pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) Ernesto Hofer e Elba Lemos e da Fiocruz PE Sinval Brandão Filho e Alzira Almeida, coordenadora do SRP.
Às 14h a discussão será sobre os paradigmas e as novas perspectivas da peste. Para o debate foram convidados o vice-presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária, Milton Thiago de Mello; o curador da coleção de mastozoologia do Museu Nacional do Rio de Janeiro João Oliveira; o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Luiz de Carvalho e a pesquisadora da Fiocruz PE Nilma Leal.
A peste é hoje uma doença sob controle no Brasil, mas há 50 anos o número de casos era elevado no país, com concentração em três estados (CE, PE, BA). Nessa mesma época, acreditava-se que a peste era uma doença dos ratos domésticos. Porém a equipe da qual faziam parte os pesquisadores da Fiocruz PE Alzira e Célio Almeida, liderada pelo pesquisador do Instituto Pasteur de Paris (França) e representante da Organização Mundial da Saúde, Marcel Baltazard, derrubou esse dogma. Eles provaram que a peste no Brasil estava relacionada aos roedores silvestres e suas pulgas. Assim, as estratégias de enfrentamento e combate à doença foram modificadas, contribuindo para o seu controle.
E foi com o trabalho desenvolvido no Plano Piloto da Peste, que o cenário dessa doença no país se tornou conhecido e surgiu o Serviço de Referência em Peste (SRP) da Fiocruz PE, que atua a nível nacional. Hoje o SRP é responsável por fazer o controle de qualidade dos laboratórios centrais de nove estados envolvidos no controle da peste no Brasil. Também produz reagentes usados no diagnóstico da peste. Além disso, o serviço capacita e forma recursos humanos pelo Brasil, ensinando desde a captura de roedores até a análise molecular da Yersinia pestis e possui uma coleção dessa bactéria com 917 cepas brasileiras de diversas origens (humana, roedor e pulga), a Fiocruz-CYP.
Há quatro anos, o serviço coordena um inquérito sorológico entre os roedores para verificar a incidência de peste, hantavirose, febre maculosa e leptospirose. Esse trabalho reúne uma equipe multidisciplinar, com profissionais do Museu Nacional do Rio de Janeiro, IOC/Fiocruz, Instituto Nacional do Câncer e Universidade Federal da Paraíba. Eles participam de reunião na Fiocruz PE, no dia 24 de novembro, um dia antes do seminário, para fechar as conclusões do inquérito.