O podcast Radar Saúde Favela lança hoje (16), o terceiro episódio da série “Comunicação comunitária é saúde”, que apresenta os resultados de pesquisa do projeto “Geração Cidadã de Dados: cartografia dos coletivos de comunicação comunitária para promoção da saúde”. A nova faixa traz o depoimento de Vinícius Moraes, Co-fundador do Instituto Decodifica (antigo LabJaca), produtor cultural e integrante da Coalização “O Clima é de Mudança” e da rede “Confluência das Favelas”. Acesse o episódio completo no Spotify do Radar Saúde Favela.
O laboratório de pesquisa, formação e produção de dados e narrativas sobre as favelas e periferias é localizado na favela do Jacarezinho, Zona Norte do Rio de Janeiro, e formado por jovens negros que têm o audiovisual como estratégia principal para divulgação científica de dados, tornando a pesquisa acessível para a população.
“A gente fundou o coletivo com essas duas missões, de produzir dados e produzir conhecimento gerado através desses dados. O objetivo, além de fazer chegar à população, era que também chegasse ao poder público, para eles terem uma real dimensão da situação, e pudessem atuar com políticas públicas que condissessem com a realidade de vida”, relatou Vinícius Moraes.
Sobre a defasagem de dados sobre favelas, Vinícius comentou: “Por exemplo, o último censo que havia sido feito, antes desse mais recente, foi em 2010, que falava que o Jacarezinho tinha mais ou menos 30 mil habitantes, só que as pessoas que vivem lá retratam que há muito mais, há estimativas de 60 mil moradores no Jacarezinho”.
A série de podcasts reúne falas de comunicadores dos territórios da Maré, Manguinhos, Jacarezinho e Complexo do Alemão extraídas de entrevistas feitas pela equipe do projeto Geração Cidadã de Dados sobre a importância da comunicação comunitária para promoção de saúde nas favelas.
Os episódios anteriores estão disponíveis na página da série “Comunicação Comunitária é Saúde”, no spotify do Radar Saúde Favela. A faixa de estreia apresenta a entrevista com Gizele Martins, comunicadora popular do Complexo da Maré. No segundo episódio, o projeto entrevistou David Amen, jornalista do Complexo do Alemão e cofundador do Instituto Raízes em Movimento.
Resultados da pesquisa
Durante o ano de 2024, o projeto construiu uma pesquisa-intervenção participativa – metodologia que que rompe a fronteira entre pesquisadores e objetos de estudo – que trabalhou os conceitos de promoção da saúde, cartografia, geração cidadã de dados e comunicação comunitária através de de um questionário enviado para organizações populares localizadas na Área Programática 3.1 do Rio, que abrange 28 bairros da Zona Norte.
A distribuição do questionário foi realizada, durante o período de 2 de abril até 5 de maio de 2024, por meio dos canais de comunicação digitais da Cooperação Social da Fiocruz, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz (Icict/Fiocruz), do Dicionário de Favelas Marielle Franco, do Instituto Raízes em Movimento (Complexo do Alemão), da Agência de Comunicação Comunitária de Manguinhos (Jornal Fala Manguinhos), do Instituto Decodifica, antigo LabJaca (Jacarezinho) e da Frente de Mobilização da Maré (Complexo da Maré).
Em julho de 2024, foram realizadas as entrevistas com os quatro representantes dos coletivos participantes do projeto: Gizele Martins, jornalista pesquisadora, mestre em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj); David Amen, jornalista e co-fundador do Coletivo Classe-D e do Instituto Raízes em Movimento; Vinícius Morais, co-fundador do Instituto Decodifica e Fábio Monteiro, engenheiro ambiental sanitarista atuante na área de pesquisa, ensino e assistência à saúde, direitos socioambientais e humanos.
As quatro entrevistas seguiram um roteiro semiestruturado contendo nove perguntas para identificação da(o) entrevistada(o) e do coletivo onde atua, e oito perguntas sobre comunicação, memória e documentação e promoção da saúde.
Além da série de podcast, também fazem parte da entrega do projeto o Mapa dos Indicadores da Comunicação Comunitária para Promoção da Saúde que está disponível para acesso na Plataforma Vicon Saga. Os 27 coletivos mapeados foram georreferenciados e suas respostas completas ao questionário estão organizadas por Indicadores. Além do mapa, a equipe do projeto também produziu uma série de verbetes no Dicionário de Favelas Marielle Franco que podem ser acessados aqui.
Sobre a pesquisa
A iniciativa foi realizada por meio da parceria entre a Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), a Cooperação Social da Presidência da Fiocruz, o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) - por meio do Dicionário de Favelas Marielle Franco (Wikifavelas) - e de comunicadores da Frente de Mobilização da Maré, do Jornal Fala Manguinhos, do Instituto Decodifica (antigo LabJACA) e do Instituto Raízes em Movimento, e foi financiada com recursos do edital FioPromos da Fiocruz.
A distribuição dos episódios de podcast conta com o apoio da equipe do projeto Radar Saúde Favela, informativo editorado pela Coordenação de Cooperação Social de Presidência da Fiocruz e vem sendo feita também em parceria com as organizações populares participantes da pesquisa.
Radar Saúde Favela
O Radar Saúde Favela, projeto da Coordenação de Cooperação Social da Presidência da Fiocruz, tem foco em produzir e difundir informações sobre a situação de saúde e da sua determinação social em favelas e periferias de centros urbanos, lançando luz sobre as diversas dimensões de precariedade que afetam de forma diferenciada as populações que habitam em territórios socioambientalmente vulnerabilizados.
Artigos de opinião, podcast, vídeos e a própria edição da revista (desde agosto de 2020) são alguns dos formatos publicados pelo projeto. Lideranças e comunicadores populares podem enviar sugestões de pauta, matérias e crônicas sobre a saúde em seus territórios a qualquer momento para o e-mail: radarsaudefavela@fiocruz.br.