Neste 14 de abril, Dia Mundial da Doença de Chagas, o projeto CUIDA Chagas lança a campanha Todas as vozes, todas: arte e cultura pelo direito à saúde. A iniciativa inclui ações presenciais e digitais, homenageando a cantora Mercedes Sosa, ícone da música latino-americana, que viveu com a doença de Chagas por mais de 30 anos.
A escolha de Mercedes Sosa não é por acaso. Ao longo de sua trajetória artística, ela se destacou pelo engajamento em diversas causas sociais e políticas, sendo conhecida como a voz da América. “Ela nos ensinou que o canto pode ser ponte de luta e esperança. Sua história, sua voz e seu compromisso com os povos da América Latina nos inspiram a amplificar uma mensagem urgente: a doença de Chagas não deve ser ignorada, mas sim abraçada como uma causa coletiva, que convoque à solidariedade e à ação de governos, setor privado, meios de comunicação e sociedade em geral”, afirma o manifesto de Todas as vozes, todas.
Um dos destaques da campanha do projeto, que é coordenado pelo Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz) e financiado pela Unitaid e pelo Ministério da Saúde, é o vídeo com Araceli Matus, neta de Mercedes e presidenta da Fundação Mercedes Sosa para a Cultura. Na gravação, Araceli compartilha a vivência da avó com a doença e reforça a importância da conscientização. “Tenho certeza de que, se minha avó estivesse viva, estaria à frente de um trabalho público para conscientizar sobre o que é a doença de Chagas, para que as pessoas afetadas possam viver com dignidade e deixar de ser invisíveis”.
E as ações não param por aí. A campanha Todas as vozes, todas também está promovendo mobilizações em municípios de atuação do projeto CUIDA Chagas no Brasil, Colômbia, Bolívia e Paraguai. Estão previstas ações culturais e artísticas em mais de 20 municípios, que também servirão como palco para ampliar os esforços de testagem massiva, uma das estratégias centrais do projeto.
“Entendemos que campanhas como esta têm um grande impacto, pois colocam a doença em pauta e geram visibilidade, permitindo que mais pessoas sejam testadas, diagnosticadas e tratadas. Isso é essencial para uma condição negligenciada como a doença de Chagas”, afirma a médica e pesquisadora Andréa Silvestre, investigadora principal do projeto CUIDA Chagas.
Um foco especial do projeto é a triagem de meninas e mulheres em idade fértil, estratégia fundamental para evitar a transmissão vertical da doença. “O projeto já testou mais de 30 mil mulheres no Brasil e Paraguai, e seguimos expandindo a testagem na Bolívia e Colômbia. Quanto mais mulheres forem testadas, maior a chance de impedir que bebês nasçam com a doença de Chagas e, com isso, avançar na eliminação dessa forma de transmissão. Além disso, um recém-nascido diagnosticado representa uma criança potencialmente curada”, completa Andréa.
A campanha é fruto de uma articulação entre a Fundação Mercedes Sosa para a Cultura, a Federação Internacional de Afetados pela Doença de Chagas (FindeChagas) e as instituições que compõem o Consórcio CUIDA Chagas. “Com arte, cultura e memória, a campanha ecoa o legado de Mercedes Sosa e reafirma que todas as vozes importam na luta por saúde, visibilidade e dignidade para as pessoas afetadas pela doença de Chagas”, afirma a presidenta de FindeChagas, Elvira Hernandez.