Primeiro Webinário Da Rede Fio-Nano Discute Diferentes Abordagens Da Nanotecnologia Para a Fabricação de Vacinas de Nova Geração

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Por Bruno Moraes | VPPCB
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No dia 30 de setembro de 2024 foi realizado, às 14 horas, o primeiro seminário do Programa de Pesquisas Translacionais em Nanotecnologia da Fiocruz (Rede Fio-Nano). Organizado para tratar de inovações na aplicação da nanotecnologia à saúde, o webinário contou com duas palestras: a primeira foi ministrada pela Ana Paula Dinis Ano Bom, pesquisadora da Bio-Manguinhos/Fiocruz, seguida de uma segunda fala, apresentada pelo convidado Flávio Guimarães da Fonseca, da Universidade Federal de Minas Gerais. O evento teve mediação dos coordenadores da rede Fio-Nano, Fábio Formiga da Fiocruz Pernambuco e Carlos Calzavara da Fiocruz Minas Gerais. O evento foi transmitido no canal de YouTube da Fiocruz e está disponível para ser assistido.

Na primeira palestra, Ana Paula Ano Bom apresentou em detalhes o funcionamento e os processos de desenvolvimento de vacinas com plataforma de RNA mensageiro que envolvem nanopartículas lipídicas que envelopam este RNA e mediam sua entrada em células-alvo. Falando das vantagens e aplicações destas vacinas, a pesquisadora destacou os aspectos de segurança e a versatilidade desta tecnologia, que pode ser utilizada não apenas para a imunização mas também para terapia gênica e antitumoral, entre outras. Destacou ainda que Bio-Manguinhos tem atualmente a capacidade de produzir 880 mil doses de vacinas de RNA mensageiro em um único dia, e que está trabalhando em imunizantes para patógenos como o vírus respiratório sincicial (RSV), SARS-CoV-2, a micobactéria causadora da tuberculose, leishmaniose e em outras aplicações que não estão relacionadas a doenças infecto-contagiosas. Para encerrar sua apresentação, a pesquisadora demonstrou o que já está sendo desenvolvido em Bio-Manguinhos no contexto da terapia contra o câncer de mama triplo negativo.

O pesquisador da UFMG Flávio da Fonseca discutiu o uso da nanotecnologia para a formulação de vacinas contra a Dengue. Utilizando uma associação da proteína do envelope (E) do vírus da Dengue a nanobastões de ouro, seu grupo de pesquisa conseguiu evidenciar um aumento na produção de anticorpos neutralizantes em comparação com camundongos inoculados com a proteína isolada, sem associação ao ouro. O uso dos nanobastões associados à proteína do envelope também resultou em uma resposta imunológica a partir de diversos mecanismos, com envolvimento de diversas linhagens de células imunes, incluindo o amadurecimento de linfócitos de memória. Ele apresentou também outras aplicações, inclusive para imunização contra o SARS-CoV-2.

O membro da coordenação da Rede Fio-Nano presente no evento, Fábio Formiga, comentou que "as palestras demonstraram que é possível inserir uma área de vanguarda, como a nanotecnologia, como vetor de geração de conhecimento nacional, para desenvolver produtos inovadores e terapias avançadas direcionados ao SUS e aos problemas de saúde pública do Brasil". Também comentando o Webinário, e a possibilidade que o evento trouxe de mostrar aplicações distintas da abordagem nanotecnologia à saúde, Carlos Calzavara acrescentou que “foi muito boa essa complementação [entre as duas] palestras e das tecnologias envolvidas, e mostrando como as coisas estão na nossa mão”. Calzavara, também da coordenação da Rede Fio-Nano, complementou ainda: “É possível a gente alavancar a ciência que a gente faz — tanto intramuros quanto extramuros — com a nanotecnologia, que não está tão distante da gente como a gente pensa.”