Temas relacionados aos direitos e à saúde das mulheres são fundamentais para os debates travados em meio à pandemia do novo coronavírus. O crescimento de partos domiciliares e a centralidade do trabalho de doulas e parteiras estão entre esses assuntos. A fim de contribuir para as investigações sobre as dimensões sociais do parto, a Editora Fiocruz publicou, no final de 2019, Parto Natural, Parto Humanizado: perspectivas de mulheres de camadas populares e médias, título da coleção Criança, Mulher e Saúde.
Para falar sobre o livro, a autora Olivia Hirsch é a convidada do próximo Ciência e Letras, programa do Canal Saúde em parceria com a Editora Fiocruz. A pesquisadora conversa com o apresentador Renato Farias, em entrevista que encerra a temporada de edições inéditas do programa em 2020. Gravado no início deste ano, antes da emergência sanitária da Covid-19, o bate-papo vai ao ar na próxima terça-feira (28/7), às 10h.
Além dos efeitos da pandemia, o momento não poderia ser mais propício para o tema. Isso porque, antes da crise global, a Organização Mundial da Saúde (OMS) havia definido 2020 como o ano internacional de profissionais de enfermagem e obstetrícia, reconhecendo o trabalho feito por parteiras, enfermeiras e enfermeiros em todo o mundo.
A obra é resultado da tese de doutorado de Hirsch, que se debruçou sobre experiências de parto humanizado em dois diferentes segmentos sociais de uma metrópole brasileira. Ao investigar uma série de questões a partir de pesquisas etnográficas realizadas em 2011 e 2012, a autora analisou perspectivas de mulheres sob diferentes contextos: das vinculadas ao serviço de acompanhamento pré-natal de uma casa de parto pública às frequentadoras de um grupo privado de preparação para o parto.
Olivia Hirsch evoca uma série de temas a partir das experiências analisadas: violência obstétrica, medicalização excessiva, relação com a dor, além da extrema banalização das cesáreas. A obra investiga questões que provocaram mudanças de paradigmas nos últimos anos, como as casas de parto públicas e suas inserções no Sistema Único de Saúde (SUS) e também cursos de preparação para o parto oferecidos em locais privados. “Tomando essa heterogeneidade como ponto de partida, no estudo que resultou neste livro parti da premissa de que classe, assim como raça, sexualidade, entre outros marcadores, tornam a experiência de ser mulher muito diversa, interferindo diretamente nas visões de mundo”, destaca a autora.
Segundo ela, apesar da universalidade que marca o ato de dar à luz, há variáveis importantes na experiência de cada mulher: “O que procuro explicitar é como o parto, ou melhor, como o parto natural e humanizado, mais especificamente, é vivido, sentido e experimentado de diferentes maneiras a depender da classe social da mulher, uma vez que essa interfere diretamente em sua subjetividade”, complementa.
Sobre a autora/entrevistada
Graduada em jornalismo, Olivia Hirsch é mestre e doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Sociais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), instituição na qual é docente do quadro complementar do Departamento de Ciências Sociais.
Ela é também uma das coordenadoras do curso de especialização em História e Cultura Afrodescendente, oferecido no Polo Avançado da PUC-Rio no município de Duque de Caxias (RJ). Integra, como pesquisadora associada, o Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente (Nirema), núcleo de pesquisa e documentação da cultura afrodescendente brasileira também vinculado à PUC-Rio.
Mãe de duas meninas, às quais dedica o livro, Olivia engravidou ao longo da trajetória de sua pesquisa. Segundo ela, o fato de ser gestante também a colocou como personagem da história. “Ter vivido a experiência de engravidar e a experiência de parto me colocaram em um outro lugar”, revela na entrevista.
Programas inéditos
A atual temporada do Ciência e Letras teve início no dia 5 de maio e reuniu, ao longo de 13 programas, conversas sobre alguns dos livros mais recentes do catálogo da Editora Fiocruz. Pesquisadores como o antropólogo Ricardo Ventura Santos, a cientista política Vanessa Elias de Oliveira, o médico epidemiologista João Baptista Risi Junior, a advogada Deisy Ventura e a dentista sanitarista Veronica Yujra estiveram entre os entrevistados.
Bate-papos sobre livro eletrônico, crise no mercado de livrarias, além da reedição de O Massacre de Manguinhos, também fizeram parte da temporada. Entre os programas que celebraram ícones da literatura nacional, conversas sobre Clarice Lispector, Mário de Andrade, Hilda Hilst, Patativa do Assaré e José Lins do Rego completaram as edições.
➡️ Clique aqui para assistir ao bate-papo sobre O Massacre de Manguinhos
➡️ Clique aqui para assistir à entrevista de Ricardo Ventura Santos
➡️ Clique aqui para assistir ao bate-papo sobre livro eletrônico.
➡️ Clique aqui para assistir à entrevista de Vanessa Elias de Oliveira.
➡️ Clique aqui para assistir à entrevista de João Baptista Risi Junior, na estreia da nova temporada.
Quando e como assistir
Além dos novos episódios nas manhãs de terças-feiras, há diversos horários alternativos para quem não quer perder nenhum programa. Confira:
✔Terças: 10h (inéditos) - 14h - 20h
✔Quintas: 10h - 14h - 20h
✔Sábados: 13h30
✔Domingos: 18h
Para ter acesso ao Ciência e Letras e à programação completa do Canal Saúde, clique aqui para saber como assistir. As entrevistas também ficam disponíveis no site especial dedicado ao programa e no YouTube oficial do canal.
Sobre o Ciência e Letras
Fruto de uma parceria entre o Canal Saúde e a Editora Fiocruz, o Ciência e Letras fez sua estreia na programação da emissora em 2008. Voltado aos amantes de livros em geral, o programa apresentado por Renato Farias promove o encontro entre a escrita acadêmico-científica – com ênfase em assuntos ligados às diversas áreas da saúde a partir das publicações da Editora – e os temas de outros saberes, como a poesia e a literatura brasileira.