Fiocruz Constrói Centro Hospitalar Para a Pandemia Do Covid-19

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Claudia Lima/CCS
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Com recursos aprovados pelo Ministério da Saúde, a Fiocruz iniciou esta semana a construção do Centro Hospitalar para a Pandemia do Covid-19, que funcionará durante 24 horas durante a pandemia. Este centro fará parte da estrutura do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI). Serão oferecidos 200 leitos destinados a pacientes graves, com respiradores mecânicos e todo o suporte de equipamentos e laboratório de análises clínicas.

O Centro Hospitalar será erguido no Campus Manguinhos, na área hoje ocupada pelo campo de futebol, identificada como a única área capaz de receber essas instalações em condições adequadas. O acesso será exclusivo pela Avenida Brasil, isolado dos demais setores e unidades do campus, com toda a infraestrutura independente necessária. A expectativa é começar a receber pacientes em maio. Em vídeo, já é possível conferir as primeiras imagens captadas do esaço em construção, editadas pela VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz:

“O INI já é a unidade de referência da Fiocruz na área de pesquisas clínicas e atenção especializada em doenças infecciosas e que atua como referência para o atendimento a pacientes graves de Covid-19, mas ainda tem uma estrutura de atendimento muito pequena para essa emergência”, afirmou a presidente Nísia Trindade Lima. “Esse esforço só é possível pela excelência da nossa equipe do INI e também pela ousadia que a nossa instituição tem que ter, uma ousadia derivada do seu compromisso com a saúde pública”, afirmou a presidente.

A diretora do INI, Valdiléa Veloso, complementou. “O novo Centro Hospitalar para a Pandemia do Covid-19 ampliará nossa capacidade de internar pacientes com quadros graves da doença, em especial aqueles necessitando de terapia intensiva com ventilação mecânica”, afirmou. O Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira ([IFF) também é foco de atenção neste momento. “Ainda há muitas dúvidas sobre a transmissão da doença e seus possíveis efeitos, estamos acompanhando as gestantes e recém-nascidos”, informou Nísia.

Parcerias


O presidente da Asfoc-SN, Paulo Garrido, compreende a medida como um pacto de solidariedade. “É uma decisão humanitária. Reforça o compromisso social e institucional de nossos trabalhadores com a saúde e o bem-estar da população", afirmou. Cerca de 100 operários trabalharão nas obras e terão como ponto de apoio e hospedagem o prédio da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV).

Para agilizar a construção e viabilizar o funcionamento parcial já na primeira semana de maio, o hospital será erguido em módulos, em regime de trabalho de três turnos. Dois destes módulos serão destinados aos pacientes e divididos em quatro setores de 25 leitos cada um. Será construída uma terceira edificação de apoio hospitalar.

Rede integrada

“Estamos fazendo parcerias para que a gente traga o que há de mais eficiente em gestão hospitalar, em sistemas de informação, para que tudo seja automatizado e flua da melhor maneira possível. Será um hospital sem papel”, afirmou o vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional, Mario Moreira. Para expandir a capacidade de realizar exames laboratoriais, a Fundação está buscando um acordo com um laboratório nacional.

O vice-presidente informou que a Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS) vem mantendo reuniões com a organização Médicos sem Fronteiras para elaboração dos protocolos de atendimento os pacientes, entre outras possibilidades de parceria. . “É uma instituição com bastante experiência em situações dessa natureza. Eles tiveram papel fundamental em relação ao ebola”, lembrou. Mario Moreira destacou o papel fundamental da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec) neste processo, na viabilização da compra de equipamentos, gestão e pagamento da força de trabalho.

Valdiléa Veloso falou sobre o trabalho dos pesquisadores “O novo centro será fundamental para acelerar as pesquisas conduzida pelo INI e toda a rede de colaboração da Fiocruz no Brasil e internacionalmente, como é o exemplo do estudo clínico Solidarity, da Organização Mundial da Saúde (OMS), que estuda a eficácia de medicamentos para tratamento da Covid-19. Coordenado pelo INI, com apoio do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (Decit/MS), o estudo acontecerá em 18 centros de pesquisa localizados em 12 estados brasileiros”, informou.

Equipamentos

O suporte para a assistência se estende além do Campus Manguinhos. “Preventivamente, dotaremos a UTI do Instituto Nacional da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF) de condições para receber crianças que possam ser acometidas pelo coronavírus e necessitem de terapia intensiva ou respirador mecânico. Neste momento, estamos buscando os equipamentos para que o hospital também fique de prontidão”, afirmou Mario Moreira.

“Estamos todos ainda aprendendo com o comportamento dessa epidemia, não sabemos que impacto terá nas diferentes faixas etárias da população do Rio de Janeiro”, disse. Ele informou que os respiradores mecânicos para todos os leitos do Centro Hospitalar já foram comprados. “Em breve estarão vindo para o Brasil da China, em avião fretado pela própria Fiocruz”. A compra de tomógrafos e outros equipamentos também está sendo negociada.

Força de trabalho

A convocação de profissionais para trabalhar no Centro Hospitalar foi feita em 26/3, por meio de edital lançado pela Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec). Até 3 de abril, podem ser enviados currículos para preenchimento de 1.030 vagas destinadas a médicos e enfermeiros intensivistas e plantonistas, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais, entre outros. Para conhecer o edital, clique aqui e acesse o site da Fiotec.

“A nossa expectativa é sejam contratados antes de o hospital entrar em operação, para que possam ser capacitados tanto na Fiocruz quanto em outros centros de excelência, e comecem a trabalhar nos protocolos de funcionamento desse prédio. É fundamental que o Centro Hospitalar funcione com a sua capacidade operacional máxima”, explicou Mario Moreira. No edital, há vagas também para atuação no IFF, no Centro de Saúde Escola Germano Sinval, da ENSP e no Núcleo de Saúde do Trabalhador (Nust/CST/Cogepe).

* Fotos: Peter Ilicciev/CCS/Fiocruz