Divulgação científica em tempos de crise - Daniela Klebis - SBPC - Fiocruz Brasília

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As consequências do corte orçamentário das áreas de ciência e tecnologia na vida da população brasileira e na produção do jornalismo científico foram destacadas pela editora do Jornal da Ciência da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Daniela Klebis, durante roda de conversa do segundo dia da I Semana de Divulgação Científica da Fiocruz Brasília, na tarde de terça-feira (13/3).

Entre outros aspectos, a jornalista ressaltou os desafios da ciência com o contingenciamento das pesquisas, as perspectivas para os próximos anos e a importância do trabalho dos cientistas em conjunto com a sociedade, além de enfatizar como a comunidade pode se mobilizar nesse cenário de crise.

“Até 2014 estávamos indo em uma direção de financiamento e, de repente, esse financiamento caiu. A gente ouve muitas notícias, principalmente do Rio de Janeiro, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, informando que estão sem salários, e os laboratórios, sucateados. Daqui uns anos veremos um cenário muito triste”, opinou.

Segundo dados apresentados pela editora, os Estados Unidos, por exemplo, investem 137,8 vezes a mais que o Brasil em ciência e tecnologia. Para se ter uma ideia, por lá são gastos US$ 496 bilhões, enquanto aqui o investimento é de US$ 3,6 bi (R$ 12 bilhões). Comparando com outros países, como China (US$ 408 bi), Japão (US$ 170 bi), Coreia do Sul (US$ 74 bi) e Índia (US$ 50 bi), percebe-se que o Brasil é o país que menos investe na área.

“Comparado a 2017, este ano houve corte de 19% nos orçamentos para Ciência e Tecnologia. Esse orçamento é o menor da última década, quando o Ministério ainda não incluía o setor das Comunicações”, acrescentou. De acordo com Daniela, o orçamento movimentável, destinado a custeio e investimento aprovado para o MCTI, é de aproximadamente R$ 4,7 bilhões para 2018. “Com o contingenciamento anunciado em fevereiro, o orçamento foi reduzido em 10% (R$ 477 milhões), para R$ 4,1 bi. Esse é o valor para se investir em ciência em um país que tem 200 mil pesquisadores e centenas de centros de pesquisa. É muito pequeno”, desabafou.

Ao falar da atuação da SBPC e dos meios de divulgação da entidade, Daniela enfatizou a ativa participação nos debates sobre questões que determinam os rumos das políticas de Ciência e Tecnologia e da educação no país: “a entidade contribui para o debate permanente das questões relacionadas à área por meio de diversas publicações, como o Jornal da Ciência, a revista Ciência e Cultura, o portal na internet, as mídias sociais e a edição de livros sobre temas diversos relacionados à ciência brasileira”, elencou.

De acordo com a editora, o Jornal da Ciência é, além de uma das principais publicações da entidade, um documento com o posicionamento da SBPC que representa a comunidade científica, com papel estratégico. O jornal possui tiragem de 5 mil exemplares, conteúdo temático, aprofundado e exclusivo desde 2016, e é distribuído para instituições acadêmicas e de ciência e tecnologia do país, e para o meio politico. É uma publicação gratuita, com edição disponível em PDF.

Para Daniela, há muito espaço no Brasil para divulgação de notícias sobre ciência e tecnologia: “Tem muita gente querendo divulgar ciência, e muitas pessoas que gostam de ciência.Precisamos encontrar formas de reunir e integrar esses envolvidos”, sugeriu.

“O trabalho da divulgação científica é também um trabalho político. Nosso papel é também propor uma agenda. Temos que criar uma urgência, dar destaque aos problemas e ressaltar a importância da discussão, levando também à imprensa, conseguindo, mobilizando a opinião públicaa sociedade e os tomadores de decisão”, enfatizou. Para Daniela, a crise aproximou a imprensa da entidade, que passou a discutir esses temas.

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