Campanha Maio Furta-Cor reforça debate sobre saúde mental materna e se une ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial

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Katia Machado (IdeiaSUS/Fiocruz
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Durante o mês de maio, diversas iniciativas pelo Brasil ganham força para chamar a atenção da população para a importância da saúde mental materna. Uma das principais é a campanha Maio Furta-Cor, um movimento suprapartidário, aberto e sem fins lucrativos, que atua desde 2021, com o objetivo de sensibilizar a sociedade e promover ações baseadas em evidências científicas, propondo transformar o tema em política pública de saúde que ofereça suporte real e contínuo às mães brasileiras.

O nome “Furta-Cor” faz referência à tonalidade que muda de acordo com a luz, uma metáfora para as múltiplas vivências da maternidade — diversas, complexas e nem sempre visíveis. O mês de maio, marcado pelas celebrações do Dia das Mães, torna-se um momento oportuno para discutir a saúde mental das mulheres que exercem a maternagem.

Luta Antimanicomial resiste

A campanha junta-se, simbolicamente, ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial, celebrado em 18 de maio. A data marca um movimento social iniciado nos anos 1970, durante o processo de redemocratização do país, que denunciava os abusos cometidos contra pessoas com transtornos mentais em instituições psiquiátricas.

Inspirado pelas ideias do psiquiatra italiano Franco Basaglia, o movimento brasileiro defendeu o fim das internações forçadas, da medicalização sem acompanhamento especializado e das condições desumanas dos antigos manicômios — que frequentemente se assemelhavam a prisões. Tais reivindicações culminaram na aprovação da Lei 10.216/2001, marco da Reforma Psiquiátrica no Brasil, que estabeleceu o fechamento progressivo dos manicômios e instituiu os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) como alternativa de cuidado em liberdade.

A luta antimanicomial remonta a 1987, quando mais de 350 profissionais de saúde mental se reuniram na cidade de Bauru (SP) para lançar um manifesto em defesa da reforma. Desde então, 18 de maio simboliza a resistência contra a lógica manicomial e a defesa de um tratamento mais humano e respeitoso.

Em apoio ao Maio Furta-Cor e à luta antimanicomial, a Plataforma IdeiaSUS Fiocruz reforça a necessidade de ampliar o olhar sobre a saúde mental das mulheres-mães, reconhecendo seus desafios, vulnerabilidades e a urgência de políticas públicas eficazes e acolhedoras. Nesse contexto, destacam-se experiências do SUS de cuidado à saúde mental de mulheres-mães , bem como de outros grupos sociais, a exemplo da iniciativa voltada para a saúde mental de mulheres da zona rural de Barra de Santana, na Paraíba. 

Acesse todas as práticas da categoria Saúde Mental e Atenção Psicossocial da Plataforma IdeiaSUS.