Em mais um compromisso durante missão oficial a Portugal, a Fiocruz assinou, na última quarta-feira (23/4), um Memorando de Entendimento (MdE) com o Laboratório Internacional Ibérico de Nanotecnologia (INL, na sigla em inglês), baseado em Braga e criado por meio de um acordo bilateral entre Portugal e Espanha. O documento estabelece as bases da cooperação internacional entre a instituições. O acordo foi firmado em Lisboa, durante cerimônia recepcionada pelo Embaixador do Brasil em Lisboa, Raimundo Carreiro, em sua residência oficial. A iniciativa se soma a outras parcerias firmadas no país. No mesmo dia, o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, também assinou acordo com a ApexBrasil.
Com vigência de cinco anos, o MdE foi assinado por Mario Moreira e o diretor-geral adjunto do INL, Ado Jório Vasconcelos. O documento formaliza e estabelece as bases da cooperação internacional a ser desenvolvida em pesquisa, desenvolvimento tecnológico, produção e formação voltados para a área de nanotecnologia e suas aplicações em biotecnologia e saúde.
“Este acordo reúne, do lado da Fiocruz, uma referência mundial no campo da saúde pública e, do lado do INL, uma referência mundial no campo da nanotecnologia. As instituições têm altíssimo grau de complementariedade e, como fruto deste acordo, vamos oferecer muito à sociedade”, destacou o presidente da Fiocruz.
Na ocasião da assinatura, o embaixador Raimundo Carreiro resgatou passos precursores da parceria. “Nós tomamos conhecimento do Laboratório, convidamos para uma conversa na Embaixada, e hoje estamos dando o primeiro passo concreto, coma assinatura deste memorando de entendimento”, disse.
"Na grande área temática que trata das ciências da vida, o INL e a Fiocruz são instituições poderosas e complementares, o INL com sua competência em engenharia biomédica, a Fiocruz com seu acesso a um dos maiores sistemas de saúde pública do planeta. A parceria cumprirá o papel de fazer chegar à sociedade os benefícios da pesquisa e da inovação", destacou o diretor-geral do INL. Também professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o brasileiro Ado Jório Vasconcelos tem papel de destaque na área e já ocupou a Vice-presidência da Sociedade Brasileira de Física (SBF).
Como contexto mais amplo, a iniciativa está inserida em um dos pontos abordados na declaração conjunta resultante da 14ª Cimeira Brasil-Portugal, que ocorreu em Brasília, em fevereiro, conduzida pelo Governo Federal brasileiro. Como parte do compromisso de impulso à agenda bilateral em ciência, tecnologia e inovação, o documento destaca as perspectivas positivas de cooperação no campo das nanociências e nanotecnologias.
Estão previstas ações conjuntas como cooperação mútua em projetos, mobilidade de pesquisadores e alunos, organização de eventos científicos, compartilhamento de informações, mecanismos de financiamento, entre outras. No âmbito da Fiocruz, a coordenação do Programa Translacional de Pesquisa em Nanotecnologia (Fio-Nano) fica à frente da cooperação, sob liderança dos pesquisadores Fabio Rocha Formiga (Fiocruz Pernambuco) e Carlos Eduardo Calzavara Silva (Fiocruz Minas). Já pelo INL, o líder do Grupo de Processamento Alimentar, Lorenzo Pastrana, e o diretor-geral adjunto, Ado Jório Vasconcelos, estão designados.
Memorando de Entendimento
O MdE é fruto de discussões realizadas entre pesquisadores do INL e integrantes do Programa Fio-Nano Fiocruz. Em reunião realizada em março deste ano, cada instituição apresentou suas áreas de atuação, infraestruturas e potencialidades no campo da nanotecnologia. A equipe do INL recebeu o pesquisador Fabio Formiga no dia 24 de abril, que realizou visita técnica às instalações do laboratório e participou de reuniões preparatórias. Na ocasião, ficou estabelecida a continuidade das reuniões de trabalho, visando a identificação de temas prioritários, formação de pessoal e mecanismos de financiamento para projetos bilaterais.
“A nanotecnologia é uma área de vanguarda que oferece oportunidades para o desenvolvimento de produtos inovadores para a saúde, como novos fármacos, vacinas, medicamentos e dispositivos de diagnóstico. Para isso, cooperações estratégias são primordiais. A parceria com o INL habilita a Fiocruz para novos desafios em nanotecnologia, fortalecendo suas competências através de uma iniciativa de internacionalização profícua com este Laboratório europeu de referência”, ressaltou o pesquisador.
Laboratório Internacional Ibérico de Nanotecnologia
O INL, fundado em 2005 por meio de uma decisão conjunta dos Governos de Portugal e Espanha, é uma organização internacional de pesquisa intergovernamental dedicada à pesquisa e ao desenvolvimento de ponta em nanotecnologia. Desde 2010, o laboratório tem funcionado como um centro de inovação, proporcionando um ambiente de pesquisa de alta tecnologia.
Além de atuar como um integrador de inovação em múltiplos domínios de aplicação, o INL colabora com instituições de diversos países e conta com a participação de especialistas internacionais. Seu modelo de governança permite a inclusão de novos membros e parceiros, com o objetivo de consolidar um polo global de excelência científica e tecnológica. Através de colaborações com universidades, indústrias e centros de pesquisa, o INL busca gerar conhecimento, criar empregos e formar profissionais altamente especializados, tendo por missão a excelência científica para o benefício da sociedade.