O XXIV Encontro do Programa Translacional em doença de Chagas (Fio-Chagas) reuniu pesquisadores para avaliar as metas traçadas em 2024 e planejar a agenda de 2025. O evento aconteceu de 31 de outubro a 1 de novembro, no auditório Emmanuel Dias (Pavilhão Arthur Neiva) do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Foram debatidos os desafios e avanços relacionados à doença de Chagas, as estratégias para conectar o Fio-Chagas às redes do programa e a outros programas translacionais da Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB/Fiocruz), caso do Fio-Saúde Única.
Como o Fio-Chagas completará 25 anos em 2025, foram discutidas propostas de celebração, como a organização de um evento internacional e a publicação de uma edição especial da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. Também foram comentadas as melhorias no Portal de Doenças de Chagas, voltado para a divulgação científica, e as orientações sobre metodologia para elaborar projetos e planos de atividades.
O evento foi organizado pelas coordenadoras do Fio-Chagas e a Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas. Foto: Elisandra Galvão (VPPCB/Fiocruz)
Participaram da mesa de abertura Alda Maria da Cruz, diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (SVSA/MS); Cristina Guilam, da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz); Luciana Garzoni, do IOC/Fiocruz; Marco Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde (VPPIS/Fiocruz); Pedro Viñas, representante da OMS; Wim Degrave, da VPPCB/Fiocruz; e as coordenadoras do Fio-Chagas Constança Britto, do IOC/Fiocruz, Daniele de Castro, do IOC/Fiocruz, Maria da Glória Bonecini de Almeida, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) e Rita de Cássia de Souza, da Fiocruz Minas. Elas apresentaram as atividades desenvolvidas no ano de 2024 e as metas propostas para 2025.
Houve ainda fala, por meio de vídeo, de Maria de Lourdes de Oliveira, vice-presidente da VPPCB/Fiocruz. Ela parabenizou as coordenadoras do Fio-Chagas pela iniciativa de promover a integração entre os diferentes programas translacionais. O que é fundamental para a troca de experiências e a sinergia dos programas, pois há muitos pontos comuns no contexto das doenças infecciosas.
“Precisamos ter uma ação mais holística. Em geral, temos foco na área biomédica, mas é preciso trazer outras áreas de expertise da Fiocruz. Temos condições de fazer uma entrega melhor quando estamos integrados. Neste contexto, foi lançado o edital de doenças socialmente determinadas porque houve diálogo com o programa do Ministério da Saúde, que contempla uma série de doenças negligenciadas que, dificilmente, têm suporte financeiro adequado. O desejo é ter várias edições desse edital para contemplar o maior número de pesquisas possível”, pontuou Maria de Lourdes.
A qualidade do trabalho em conjunto foi destacada também por Krieger. Para ele, isto potencializa uma série de ações dos grupos. O programa integrado de trabalho na Fundação, que é pioneiro, serviu de modelo para outros programas.
Ao falar sobre os encontros da rede e da agenda para o próximo ano, Daniele Castro enfatizou o esforço da coordenação por integração entre todos os pesquisadores da Fiocruz que trabalham com a doença de Chagas, o Ministério da Saúde, os portadores e as associações de pessoas afetadas. Ela indicou a necessidade de ver qual a demanda atual do MS e da OMS em Chagas para que as pesquisadoras e pesquisadores possam trabalhar juntos em melhorias.
Sobre os projetos da Fiocruz, Cristina Guilam destacou o papel da instituição para o SUS e no âmbito internacional. O projeto de internacionalização, para ela, foi vitorioso, pois, ao visitar outros países, se observa a relevância da Fiocruz e da capacidade de trabalho com as doenças negligenciadas.
A programação também incluiu uma reunião fechada na qual os membros do Fio-Chagas definiram projetos de pesquisa em colaboração entre quatro redes para serem discutidos depois com todos os pesquisadores que fazem parte do programa.
Dialogar e compartilhar
Pedro Viñas chamou a atenção para a integração e o diálogo interno num mundo cada vez mais competitivo. “O modelo atual de pesquisa e de trabalho é na base da competição. Então, uma abordagem que coloque todos juntos para dialogar, para compartilhar, é uma coisa extraordinária. Tem um valor enorme. Deve ser cultivado o diálogo com todas as pessoas de dentro e com as instituições externas, além de se fomentar o diálogo com as pessoas com a doença de Chagas e suas associações”.
Já Luciana Garzoni recordou a atuação dos profissionais que trabalham com a doença de Chagas na proposição de políticas públicas. Ela avalia que o Programa de Pesquisa Translacional (PPT) e o Fio-Chagas tiveram um papel enorme nas novas políticas voltadas para a detecção, a notificação dos casos crônicos, a participação social e o seu fortalecimento.
Alda Cruz esfatizou que a doença de Chagas faz parte do Programa Brasil Saudável. “Na esfera da coordenação do nosso grupo técnico de doença de Chagas, temos as ações para apoiar os que integram a rede de Chagas com foco na transmissão materno-infantil”, observou.
Para Ana Paula Cavalcanti, do PPT, essa edição do encontro buscou a integração entre todos os participantes, sistematizar ações e rever os objetivos do programa e as metas que serão trabalhadas em 2025. Espera-se, portanto, um controle mais definitivo da doença, com base em abordagens que vão do controle de vetores à assistência às pessoas com a doença de Chagas.