O ensaio A vulgarização do saber, publicado em 1931 no livro de Miguel Ozorio de Almeida de mesmo título, é possivelmente um dos primeiros escritos no Brasil em que são discutidas vantagens e limitações das atividades de divulgação científica.
Para o autor, as pessoas têm naturalmente sua atenção despertada para o saber e aspiram a participar do movimento incessante das idéias e compreender, pelo menos em suas linhas fundamentais, as bases dos grandes fatos científicos e a essência das principais leis naturais. Depois de questionar se tal aspiração pode ser satisfeita e o que a ciência pode ganhar com esse movimento, Ozorio afirma que ela só tem a lucrar com uma vulgarização bem feita, tomando como exemplo o médico sanitarista Oswaldo Cruz, que mostrou que o conhecimento sobre a doença é indispensável para a erradicação da febre amarela.
Ozorio acredita que a vulgarização científica bem conduzida tem por fim esclarecer o público não especializado, mais do que instruir minuciosamente sobre esse ou aquele ponto específico. A iniciativa, a seu ver, deve facilitar a compreensão mais ampla de algumas áreas, como as ciências naturais, e se afastar de temas como a relatividade. Seria quase impossível, dizia, “apresentar em linguagem profana um raciocínio que só pode ser assimilado com o auxílio de um símbolo próprio”.
O fisiologista aponta, ainda, que a divulgação científica pode ter um papel importante no despertar de novas vocações. Para ele, a divulgação científica “se destina mais a preparar uma mentalidade coletiva, do que realmente a difundir conhecimentos isolados”.
Fonte:
MASSARANI, Luisa; MOREIRA, Ildeu. “Miguel Ozorio de Almeida e a vulgarização do saber”, Rio de Janeiro, História, Ciências, Saúde-Manguinhos, vol.11, n.2, mai/ago 2004.
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